Pois,
realmente parece que tudo isso foi ontem, mas foi há quase um ano atrás. Quase
doze meses passaram já a uma velocidade vertiginosa, mastigando, triturando
sonhos, projectos, alegrias e tristezas, planos bem concebidos, cheios de
timings perfeitos e cálculos pensadíssimos, rigorosos, inabaláveis! A
velocidade foi tão avassaladora que tudo, ou quase tudo se perdeu, alterou,
esmagou e forçosamente se modificou. Meu Deus... será sempre assim?
Estamos
a entrar nos dois últimos meses do ano e já se aproxima o 2014, o ano do
cabalístico 7, o sete de 2+0+1+4 que, para tanta gente, é sagrado e sinal
divino de prosperidade e boa sorte! Será mesmo? Tenho de perguntar ao meu
querido irmão e amigo João Fernandes.
Faço
votos de que sim, para todos os meus amigos e (permitam-me a particularização),
em especial para a Bianca e para mim, que passámos quase todo o ano de 2013 num
precipício de sustos e problemas de saúde com múltiplas análises, testes,
operações, riscos vários, internamentos, idas a consultas, e com um saldo que
se crê positivo... embora sem certezas!
I’m sick of it, que é como quem diz – estou
farto, não quero mais, obrigado, já chega!
Este
ano de 2013 o Natal e o fim d’ano vão ser diferentes, como esperamos também que
o 2014 seja calmo, saudável, afortunado e uma verdadeira pausa nos sustos!
Julgo que ambos merecemos!
Vamos
passar o Natal em Kyogle, a 8 horas de Sydney, por automóvel e a 3 horas de
Brisbane. Iremos pernoitar nalgum motel a meio da viagem e em Kyogle vamos
ficar em casa do André Madeira, um amigo português, agora com 27 ou 28 anos e
cuja última vez que o vi, tinha ele seis anitos, foi num Natal, na Amadora, em
casa dos pais dele, a Guida e o Quim, meus cunhados. Ela, a Guida, irmã da
minha primeira mulher, a Dulce Pereira e ele, o Quim, à época recém formado em
engenharia mecânica no IST de Lisboa.
Depois,
eles vieram todos para Macau viver (chi... tão longe achámos nós...), a vida
foi correndo, indiferente a ventos e tempestades. A Guida separou-se do Quim e
permaneceu em Macau onde hoje é proprietária de um dos mais prestigiados
Infantários daquela cidade que já não é portuguesa. O Quim casou-se com uma tailandesa
e tiveram uma filhota, a Maya, hoje com 20 anos e autêntica Miss Mundo, de
linda, misturando a beleza lusitana e o exotismo oriental. Suponho que também
vivam em Macau.
O
André foi para Timor por uma temporada, fazer voluntariado após a guerra civil
daquele antigo território português, onde conheceu uma simpática australiana, a
Sarah, cujo pai é o maior produtor de árvores de fruto da Austrália.
A
diáspora reencontra-se e a Consoada deste ano vai religar esta gente toda, mais
uns quantos que se nos juntarão vindos de Lisboa. Vai ser com bacalhau, pois
claro, cozinhado pela Guida à boa maneira de Portugal, com os condimentos
todos, como mandam as regras e nós (eu e a Bianca) levamos os vinhos daqui de
Sydney, vinhos brancos e tintos produzidos nesta magnífica terra australiana
que produz já os melhores vinhos do mundo... para que se saiba! Também levamos
o belo do nosso Vinho do Porto – que é lá isso de comemoração sem um Porto
Ferreira?
O
fim d’ano, já irá ser de novo em Sydney, aliás, perto, em Wollongong, longe da
confusão, em casa de amigos e com as subidas às cadeiras com as doze passas nas
mãos,como manda a tradição! Desta vez alinhamos naquela da tradição ser ainda o
que era, que eu não vou cá em futebóis...
E
por falar em futebol, permitam-me uma acha na fogueira: está tudo maluco com as
afirmações do senhor Joseph Blatter por causa do Cristiano Ronaldo, mas eu
juro-vos que não fumei nada de esquisito, ouvi o que o homenzinho disse e ele
nem falou no Ronaldo. Só falou no Messi e no outro... que até podia ser o
Benzema... ou o Fernando Torres... ou o Beckham! Por que raio é que, com o país
em crise profunda, o povo se levanta todo preocupado com a aterosclerose do
Blatter, na convicção de que ele acusava o madeirense? Não haverá por aí algum
pretensiosismo colectivo? É que até o governo, através do ministro de estado
Marques Guedes, decidiu repor a honradez nacional! Tá tudo maluco?
Venha
o 2014 e vamos ver se a selecção do Galo de Barcelos estará presente no
país-irmão para fazer de conta que está a disputar o Mundial de Futebol! Cá
para mim, melhor será que nos preparemos para o pior e ficar a lamber as
feridas e... ver a Suécia carimbar o bilhete para o Rio de Janeiro!
Lou
Reed e algum Provincianismo do pior...
Vejo
diariamente os telejornais da véspera num canal de televisão australiano (do
Estado) chamado SBS, que passa uns quarenta noticiários diferentes das maiores
comunidades de estrangeiros residentes aqui na Austrália – franceses,
italianos, gregos, japoneses, árabes, chineses, polacos, russos, sérvios,
enfim... uma data deles. Frequentemente fico a ver outros telejornais, até
para, através das imagens (já que da respectiva língua nada entendo) tentar
perceber sobre quais os motivos de interesse dessas comunidades e, muitas vezes,
dou comigo a pensar... ah... afinal o nosso telejornal da RTP, até nem é assim
tão mau!
Contudo,
há dias apeteceu-me escrever para a RTP a denunciar o mau gosto e o
provincianismo patêgo e saloio pelo facto de, imagine-se, em dois dias seguidos
os últimos minutos do telejornal (supostamente preparado para as diferentes
comunidades de portugueses espalhados pelo mundo), terem sido totalmente
dedicados a homenagear o Lou Reed, um intérprete americano, de rock and roll,
sem nenhuma importância assim tão relevante em Portugal, ou crucial para a
cultura pop, nem sequer assim tão conhecido entre nós! Curiosamente nos outros
noticiários, alguns referiram de passagem o desaparecimento do velho Reed, ex-membro
dos Velvet Underground, e apresentaram por dez segundos um excerto do tema
“Take a walk on the wild side”.
E
fiquei a pensar por que motivo a RTP terá produzido uma sentida homenagem
durante dez minutos para homenagear, durante dois dias a memória do
rocker que não era português, explicando quem o influenciara, que canções
gravara, com quem tocara, com que músicos, os títulos dos respectivos álbuns,
as vendas atingidas, eu sei lá! Acho que os portugueses ficaram licenciados em
Lou Reed com tanto detalhe. E nós
portugueses, lá longe, o que tinhamos a ver com aquilo tudo?
Não
digo que nos enchessem os minutos finais dos noticiários com o divórcio daquele
ex-ministro do PS que desatou à porrada à sua bela mulher, agora alcoólica,
(???), ex-apresentadora da SIC, mas ao menos que tivessem feito uma justa
homenagem aquando do desaparecimento há dias, do António Mourão, do “Oh tempo
volta para trás”, que era conhecido, que era português e que ajudou a RTP a
preencher muitas horas de emissão nos anos 60 e 70 e que faleceu triste e só, “arquivado”
na Casa dos Artistas.
(Consta
por aqui que o Manuel Maria Carrilho e o Paco Bandeira vão formar um duo
musical:
o
Duo Olho Negro...) – acho linda!!!
A
mim, quer-me parecer sinceramente que a RTP está de facto a precisar de uma
valente vassourada e que tipos como os que estão à frente da gestão e da
informação, deverão certamente estar a candidatar-se a uma indemnização
valente, tal como sucedeu ao sinistro Emídeo Rangel que veio da SIC para
desestabilizar a RTP e logo a seguir saíu com uma choruda indemnização milionária.
Ou
talvez (admito) eu não esteja a ver bem o problema e me faltem factores
diversos na difícil equação! Talvez afinal o Lou Reed fosse candidato à
Presidência da República, ou Conselheiro de Estado, ou o homem que pagava as
subvenções do governo, ou, sei lá... o fornecedor de droga de alguém importante
na RTP!
Esquesitices
minhas, já se vê!
O
Mário Soares não está bem da cabeça. Por favor internem-no!
Dizia-se
há muitos anos que quando um tipo liga o intestino grosso directamente aos
miolos só sai cagada!
Julgo
que será o caso de um daqueles políticos que considero ser dos principais
responsáveis pela forma como o nosso país se encontra e que, pesem os factos,
irá morrer sem ser julgado e criminalmente penalizado pela quantidade de
trapalhices, disparates e erros absolutamente inadmissíveis e indesculpáveis
como manipulou os destinos desta ditosa pátria nossa, designadamente em três
áreas concretas, a saber:
-
a descolonização “exemplar”;
-
a “estupenda” adesão à União Europeia e sequente entrada para a zona euro;
-
a quantidade de roubos, desvios e escandalosas manobras financeiras de que só a
família Soares beneficiou.
Falo
obviamente do Mário Soares, que suponho esteja atacado de demência senil!
Sobre
ele encontrei na Internet um recente texto de uma grandiosa mulher que conheço
pessoalmente, a cronista e escritora Helena Sacadura Cabral, mãe dos irmãos
Portas, que sobre a arrogância e má criação de Mário Soares escreveu a 17 de
Outubro o que a seguir transcrevo.
Começa a ser
preocupante a forma como um ex Presidente da República se refere a outros
ocupantes do mesmo cargo e, em geral, aos políticos do seu país.
A função desempenhada
no passado e a despesa que ela ainda representa para a nação deveriam impor uma
certa forma de contenção verbal. Discordar é uma coisa. Enxovalhar ou difamar é
outra, muito diferente.
Acresce que uma
comunicação social responsável não deveria ser o veio de transmissão daquilo
que mais não é do que uma triste manifestação de senilidade. À bon entendeur
salut, como dizem os franceses!
Simplesmente
brilhante!
Nobel
da Paz
Mais
uma vez me desiludiu e entristeceu o facto do Comité norueguês para a
atribuição do Nobel da Paz estar perfeitamente cativo de interesses americanos.
Há
uns anos atrás atribuiu o Nobel a um recém chegado à Casa Branca, sem que então o acabado de eleger Barak Obama tivesse
sequer dado provas sobre se era competente, burro como o antecessor (Bush), violento,
ou equilibrado.
Em
2006, todos aguardavam que o Nobel contemplasse a corajosa Irene Sendler (na
ocasião com 88 anos e ainda viva) e que sendo alemã, correra seriíssimo risco
de vida durante a 2ª Guerra Mundial ajudando a salvar mais de 2500 crianças
judias dos campos de concentração nazis, tendo sido presa e torturada pelo
regime de Hitler. Salva por milagre, ela aguardava o reconhecimento do comité
do Nobel da Paz que, entretanto em 2006, achou dever contemplar o americano Al
Gore, simplesmente porque este escrevera um livro sobre o Aquecimento Global.
Nem o lobby dos ambientalistas esperava tal prémio a distinguir quem, no fundo,
era só conhecido por ser membro do governo yank!
Este
ano, nova borrada! Todos contavam com a atribuição do Nobel da Paz à jovem
paquistanesa Malala, activista dos direitos das raparigas estudarem, e que foi
brutalmente atingida na cabeça num atentado organizado pelos talibans locais,
só porque a rapariga entendeu e bem manifestar-se contra a chária muçulmana
extremista que proíbe as raparigas de estudar e ter os mesmos direitos que os
rapazes.
Seria
a atribuição do Nobel da Paz à mais nova laureada da história. Seria um
incentivo a todas as jovens paquistanesas e indianas. Seria uma enorme lição de
coragem e seria sobretudo a melhor forma de fazer com que determinados países
como o Paquistão, o Irão, o Afeganistão, o Iraque, etc. se começassem a
desenvolver em pleno, pois está mais do que provado que essas sociedades
completamente atrasadas e medievais só poderão acompanhar o ritmo do resto do
mundo quando as mulheres tiverem os mesmos direitos, as mesmas oportunidades e
as mesmas condições que são proporcionadas aos homens.
Ainda
por cima, a Malala é uma jovem esforçada, que, pela sua causa, mal se pôs boa
de saúde imediatamente escreveu um livro e desatou a viajar a suas expensas para
apresentar a verdade dos factos, a sua tese, e espalhar a sua palavra,
inclusivé nas Nações Unidas, tendo até recebido o prémio Sakharov 2013,
atribuído pela União Europeia.
Pois
o bendito comité norueguês decidiu entregar o distinto prémio a uma
recentíssima e ainda desconhecida comissão para a destruição das armas
químicas, ligada às próprias Nações Unidas e que funciona da seguinte forma: -
eles acusam a quem a Rússia e a Alemanha venderam armas químicas. Depois, os
Estados Unidos fazem um chavascal medonho e acusam, ameaçam e montam uma
perseguição obcessiva até se chegar ao ponto de se ameaçar com a invasão do
país. Depois, as Nações Unidas exigem a destruição do armamento químico e os
rapazes vão lá, fazem uma listagem do material em causa, colectam os resquícios
e determinam que se transportem os materiais para os Estados Unidos,
supostamente os ùnicos com condições para destruirem essas armas, e fazem-no
por um preço semelhante ao da venda desse material, preço que o país receptador
do armamento (neste caso a Síria), já tinha pago à Rússia e à Alemanha e que
agora volta a pagar para que os States o destrua...
E
foi a este comité que foi entregue o Nobel da Paz de 2013! Porreiro, não é?
Sobre
Malala, o meu amigo João Paulo Diniz, escreveu oportunamente um pequeno texto
que tomo a liberdade de reproduzir.
Há uma jovem
Paquistanesa que há precisamente um ano foi alvejada a tiro quando seguia para
a escola com outras meninas da sua idade.
Os autores dessa
barbaridade foram talibans, que impuseram não querer que as jovens fossem para
a escola.
Gravemente ferida, ela
foi levada para Inglaterra onde, num hospital, em Birmingham, uma
extraordinária equipa conseguiu operá-la e salvar-lhe a vida.
A jovem de quem falo
chama-se Malala Yousafzai, acabou de completar 16 anos, por sinal no mesmo dia
em que falou nas Nações Unidas, em Nova York. Aí afirmou, com a maior
simplicidade, que "uma
criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A Educação é
a única solução".
Entretanto, Isabel II
já convidou Malala para uma recepção no Palácio de Buckingham.
Hoje, o Parlamento
Europeu atribuíu a Malala o Prémio Sakharov, destinado a distinguir pessoas ou
organizações que se batem pela Liberdade e pelos Direitos Humanos.
Amanhã de manhã, a
Academia Nobel vai anunciar o Prémio Nobel da Paz de 2013. Malala é uma das
candidatas. E eu estou aqui a desejar que o notável exemplo de coragem e
determinação de Malala mereça essa grande honra. Porque é com pessoas como ela
- e só tem 16 anos, meu Deus! - que o mundo pode ser um lugar melhor.
E, haja o que houver,
desde já fico à espera de um encontro entre duas grandes figuras deste século:
Malala... e o Papa Francisco! Que Deus nos dê saúde para sermos testemunhas
desse momento!!
Pois
é meu caro João Paulo, estávamos todos equivocados e pelos vistos, o Comité
norueguês decidiu, mais uma vez, de uma forma bizarra e direi mesmo de forma
suspeita! Cést la vie!
Com
a minha recente Hospitalização...
...muita
coisa se passou e eu sem poder controlar a minha vida, os meus timings, e os
meus hábitos! Chiça... foi azar!
Quando
voltei a casa, a 20 de Outubro, (e já vos escrevi a dar conta dos tormentos
todos), tinha à minha espera 352 mails e 577 mensagens de Facebook. No mínimo
teria de os ver e ler todos e responder à maioria, tarefa demorada e cansativa,
mas que agradeço do coração, e que mais uma vez provou (se é que isso era
necessário...), que a amizade é uma força maravilhosa, dinamizadora, poderosa e
desconcertante!
Essa
cadeia fraternal atingiu vários países, saltou muralhas e fronteiras e veio de
Portugal, do Brasil, de Moçambique e até do Bangladesh, onde está neste momento
um amigo íntimo de há mais de 45 anos, o Ismail Seedat, o líder da comunidade
muçulmana de Moçambique, meu ex-colega de liceu e amigo de incontáveis farras
desse tempo maravilhoso que já não volta mais!
A
todos o meu comovido OBRIGADO! Deus é grande!
Mas
a doença e a hospitalização forçaram-me a perder algumas coisas já agendadas e
por mim desejadas e muito esperadas, designadamente:
-
a comemoração dos 100 anos da Marinha de Guerra da Austrália que reverteu num
majestoso espectáculo de três dias nas águas do porto de Sydney, com a visita
do Príncipe Harry da Grã-Bretanha, a visita de cerca de dois milhões de
forasteiros, a presença de 40 vasos de guerra da Armada australiana, mais de 8.000
marinheiros a bordo e a presença de vasos de guerra de 8 países amigos,
designadamente Veleiros de grande porte, provenientes da Inglaterra, Estados
Unidos, Canadá, Índia, Nigéria, Japão, China e Coreia. Pena que Portugal não
tivesse podido destacar a Sagres que teria feito uma excelente figuraça e ainda
por cima, pelo facto de termos sido nós os primeiros ocidentais a demandar por
mar estas paragens. Foi o maior evento popular desde a abertura dos Jogos
Olímpicos do Ano 2000. No final houve um feérico fogo de artifício (transmitido
pela televisão) muito melhor que os habituais fogos de final de ano. Adorava
ter por ali andado a fotografar os navios, a gente, o fogo (fireworks), mas já
disse à Bianca: “ok, fica para daqui a 100 anos aquando dos 200 anos da Armada Aussie!”
– ela riu-se e espero que não tenha pensado que estava a falar a sério!
-
o outro evento, ocorreu a 20 de Outubro e foi o 40º aniversário da iconográfica
Opera House, inaugurada com a presença da Rainha Isabel IIª (Elizabeth, The
Second). Houve festejos múltiplos, sendo que o mais impressionante foi, nessa
noite, um show de luzes sobre a estrutura do magnífico edifício que fica a uma
centena de metros da Ponte – Sydney Harbour Bridge. Muita gente, muitos
artistas, muitas reportagens e... muita pena minha de lá não poder ter estado!
Paciência...e agora não estou a brincar...conto lá estar daqui a dez anos
aquando do cinquentenário da Opera House. Até lá sai-me a Sorte Grande e alugo
um voo charter e trago todos os meus
amigos a Sydney, para juntos assistirmos às comemorações! Hein? E esta? Na
construção deste edifício, que é talvez o símbolo maior da cidade de Sydney,
participaram centenas de portugueses, segundo documenta um documentário
extraordinário realizado pelo meu particular amigo Zeca Mariano, realizador dos
Estúdios Fox, aqui residente há mais de 50 anos e com quem tenho a honra de
colaborar (como já vos contei), fazendo as vozes off no Programa “Australia
Contact” que o Zeca realiza e produz mensalmente para a RTP.
-
Também durante a minha estadia nos Hospitais casou em Lisboa, no dia 5 de
Outubro, o meu afilhado Pedro Mendes, filho dos meus Compadres Sérgio Abrantes
Mendes e Fátima Mendes. O Sérgio (Juiz na Relação de Évora), já me contou por alto que o casamento foi
excelente e que o copo d’água terá decorrido com o maior esplendor junto da
estátua do Cristo-Rei. Adorava ter ido para dar um apertado e comovido abraço a
esse meu afilhado de baptismo com quem privei momentos inesquecíveis. Diz-me o
Sérgio que o Pedro escolheu uma noiva lindíssima, polaca, com um nome
impronunciável e que ele conheceu quando trabalhou em Varsóvia no Pão d’Açucar
lá do sítio. Felicidades aos noivos, muita saúde e filhos... que é o que o
Ocidente precisa!!!
Paradoxo
Dialético
Uma
das coisas que mais me diverte são os Paradoxos e algumas intersecções da
língua com a matemática. Há dias, a Bianca trouxe-me um desses Paradoxos que me
divertiu muito e que passo a contar-vos:
“A
frase seguinte é falsa.
A frase anterior é verdadeira”
Ah
Ah... e afinal, em que ficamos? A mim o
resultado parece-me o de um discurso de político: ambas as frases são falsas!
Fait-Divers
Há
dias, vi um anúncio de uma imobiliária aqui de Sydney, que anunciava estar à
venda a vivenda mais cara do mundo, exactamente aqui em Sydney – por 600 milhões
de dolares. Se eu estivesse em boas condições físicas, teria desafiado a Bianca
e metia-me ao caminho, cheio de curiosidade para ir ver o casarão. Alugava um
carro de luxo, vestia-me de árabe e aparecia com uma “intérprete” que faria de
conta traduzir para árabe as explicações que certamente muito solicitamente os
vendedores iriam querer dar ao potencial comprador. Faço ideia o luxo e a
soberba de tal casuncha!
Para
os apreciadores da velha música dos Anos 60, devo dizer que já está à venda um
novo álbum do Paul McCartney, lançado na semana passada e que o velho Beatle
gravou aos 72 anos. Chama-se NEW e devo dizer que fiquei admirado com a
estaleca e a energia, a inspiração do Paul e o som tão semelhante ao dos
Beatles. Extraordinário! Segundo o Paul, em entrevista reproduzida aqui na
Austrália, ele lamentou-se do facto de não ter tido ao seu lado o eterno
companheiro John Lennon, que era de facto quem emprestava a centelha divina do
génio musical e poético que o caracterizava. Ainda assim, vale a pena ouvir o
novo trabalho do velho senhor. Aos 72 é obra!
O
nome de Portugal agora vai aparecendo quase todos os dias nas televisões
australianas, embora, nem sempre pelas melhores razões!
O
Surf tem sido uma quase constante e ainda por cima com as melhores referências
por parte de um surfista australiano que encantado com o Guincho e com a Nazaré
fez múltiplos elogios ao mar, às praias e sobretudo às gentes portuguesas!
Curiosamente sobre a Ericeira – supostamente a “capital do surf” em Portugal,
como a malta gosta de referir – nem uma só palavra!
Cristiano
Ronaldo e José Mourinho são presenças constantes nos noticiários, ou mostrando
os golos do craque, ou mostrando as birras do treinador setubalense, sempre
assumidamente convencido de ser inultrapassável e invencível...
Ultimamente
voltou a falar-se quase diariamente daquela deprimente obcessão do casal McCann
no sentido de continuar a defender a telenovela do rapto da Maddie McCann! A mim,
que conheci bem o caso e até fui porta-voz do Inspector da Judiciária Dr.
Gonçalo Amaral, faz-me aflição ir seguindo as “estórias” inventadas pelos pais
da criança, quando eles bem sabem o destino que a miúda teve...
Só
lamento que o Gonçalo se não encha de coragem e não vá a uma televisão contar o
que sabe e dizer até, onde param os restos mortais da miúda. Não me cabe a mim
contar o que sei e pela minha parte só fui porta-voz do homem a quem uma série
de decisões erradas por parte de uma jovem juíza, inexperiente e manipulada,
permitiu cair num tremendo disparate que foi “acabar” com a liberdade de
expressão e que eu, como porta-voz (já que o Gonçalo Amaral estava proibido de
falar sobre o assunto) contestei publicamente, chamando a atenção para o
desrespeito à Constituição. Esse erro foi já reparado mediante decisão após recurso
intentado e ganho pelo Gonçalo.
Mas
– se me estás a ler Gonçalo – peço-te: acaba de vez com esta encenação e revela
ao mundo o que sabes, reabre o processo em Portugal, acaba com as investigações
patetas que vão alimentando a ideia sórdida do rapto, que afinal terá sido
realizado por alguém que já faleceu... Enfim... tudo “estórias” que só têm um
objectivo – alimentar a gula insaciável daquele casal que transformou a morte
da filha em fonte de rendimentos.
Termino
com a referência aos muitos incêndios (bushfires), que devastaram na semana
passada algumas zonas circunvizinhas de Sydney, designadamente as Blue
Mountains e um bairro relativamente próximo de nossa casa – Balmoral. Arderam
mais de duzentas casas e milhares de pessoas ficaram sem nada.
Porém,
a rapidíssima resposta da comunidade, a rápida resposta dos Seguros e a rápida
resposta do governo australiano, presente na 1ª linha desde o 1º momento, com o
1º ministro falando com as vítimas, reconfortando-os e conversando com os
bombeiros, tudo colmatou e hoje já ningém está nem ao relento, nem sem uma
solução económica. Curiosamente nas imensas entrevistas realizadas pelos vários
canais televisivos, todos se comportavam com um civismo incrível, sem críticas
dramáticas, sem choros, sem desesperos, na maior das calmas. Uma série de
restaurantes deslocaram para os diversos locais das chamas carrinhas carregadas
de comida para servirem gratuitamente quem se quisesse servir e alimentar-se a
qualquer hora do dia e da noite. O único indivíduo que vi chorar foi o chefe
dos bombeiros quando dizia da sua frustração em não conseguir socorrer a todos
e não conseguir salvar os bens de todos os que ficaram sem casa. O Exército de
Salvação organizou de imediato uma formidável acção por toda a Austrália e numa
semana providenciou mobílias, electrodomésticos, loiças, brinquedos, roupas,
etc. para todas as famílias vítimas das chamas.
Não
fora a tragédia e o que se lamenta, eu diria que foi digno de se ver e a forma
como esta gente reagiu e de imediato se colocou de pé! Grande exemplo e grande
gente!
Dr
Gorbatov
A
23 de Outubro tive uma última intervenção cirúrgica ao meu olho esquerdo. Não
sendo possível eu deslocar-me de autocarro, a Bianca decidiu levar o automóvel
para a baixa (a CBD de Sydney) e deixou o carro num parqueamento junto do
consultório por três horas. Ao fim pagou 90 dólares, i.e. perto de 80 euros
pelo estacionamento de três horas! Aqui não há cá excepções e se alguém
estaciona e prevarica na baixa tem mesmo de “entrar com o bilhete”!
Mas
tudo ficou compensado com a fabulosa notícia que o médico nascido na Rússia,
professor universitário em Sydney, tinha para me dar. Depois de muitos testes e
análises, ele deu-me os parabéns e disse-me que, salvo algum acontecimento
médico inesperado, eu me tinha safo e a recuperação pelas intervenções
cirúrgicas tinham decorrido de tal forma que a partir daqui o olho esquerdo
estava salvo e só iria fazer periodicamente uma manutenção com laser. Em
princípio, portanto salvei a vista e não irei cegar do meu olho esquerdo!
Camões...
não te vou imitar! Não tenho veia para isso!
Durante
a viagem de carro, de regresso a casa, sem a Bianca ver, chorei de alegria,
baixinho, para não a perturbar e agarrei-lhe com força a mão disponível da
condução do carro e em segredo agradeci a Deus e ao meu Anjo da Guarda, a
Bianca, a quem ficarei eternamente agradecido.
Hoje,
dia 2 de Novembro vêm cá a casa almoçar os meus padrinhos de casamento, A
Estela e o Fernando Ferreira, pessoas que muito estimo e de quem muito me
orgulho pelo estatuto moral e cívico que têm. Em Timor o casal está a terminar
um orfanato e um infantário que ofereceram à população e na Tanzânia estão a
construir para a população um Hospital, um orfanato e uma escola secundária!
É
verdade – há pessoas assim – Deus é grande e eles são o exemplo perfeito! BEM
HAJAM Fernando e Estela por existirem!
Por
hoje é tudo. Saúda-vos este vosso amigo desta abençoada terra dos cangurus e
dos koalas.
Luis
Arriaga –
Sydney, aos 2 de Novembro de 2013.