segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CRÓNICAS do Fim-do-Mundo 10 - As Crónicas

Na praia de Balmoral
Não sei se esta será a última Crónica que escrevo desta Austrália distante, porém, elas não foram “desenhadas” para prosseguirem indefinidamente! Já não há muito mais a acrescentar ao que já vos escrevi e não quero ser nem maçador, nem abusador do vosso tempo e da vossa paciência, e muito menos me quero repetir!

Reconheço que são também escassos os sinais que daí recebo, isto é, o eco às Crónicas vai diminuindo, certamente porque também elas já não encerram, como aquando das primeiras, tantas novidades que justifiquem o interesse de outrora.
Há que saber parar a tempo e pelo menos durante uns meses, até que haja realmente novidades, eu vou abster-me de vos maçar com estas intervenções de quem, cheio de nostalgia, decidiu pôr por escrito as emoções e os afectos desta lonjura!

Utilizarei os mesmos canais que usei até aqui.

Já não está tanto calor

Enquanto o Inverno português começa a dar sinais de algum abrandamento, uma vez que a Primavera se prepara para tomar o seu lugar, substituindo-o, logo depois chegará o Verão tão do contentamento dos portugueses. Aqui, pelo contrário, já se não faz sentir tanto o calor abrasador do Estio australiano e já há umas noites mais fresquinhas em que sabe bem ter uma manta aos pés da cama, para puxar por cima do lençol!

Março e Abril ainda serão de temperaturas amenas, mas depois em Maio e Junho o frio bate à porta e para o oeste de Sydney existe uma cordilheira – as Blue Mountains – onde já tem nevado algumas vezes e as temperaturas frequentemente vão abaixo de zero!

Irei ver se então esta rapaziada calça outra coisa que não sejam chinelas do tipo brasileiro e se sabem vestir algo mais aconchegante que não sejam as coloridas Tshirts tão típicas destas paragens!

Também os calções são “traje nacional”! Curiosamente, neste país as gravatas são votadas ao ostracismo, já que quase ninguém as usa! Na televisão, por exemplo, com a única excepção do Ministro dos Negécios Estarngeiros, nenhum ministro ousa colocar esse triste apêndice que um dia alguém inventou como acessório do vestuário masculino.

Artistas que nos visitam

Tal como tenho anunciado em particular, a alguns dos meus amigos mais aficionados à música, a Austrália é sempre alvo de uma atenção especial por parte dos maiores nomes da Pop, não só por razões de mercado, mas porque no outro hemisfério se vive um período de crise e de defeso!

São assim muitos os nomes de artistas famosos que demandam estes palcos, sobretudo anunciados para Sydney e para Melbourne – a capital cultural deste maravilhoso país.

Não reconheço os nomes mais actuais e que me perdoem os mais jovens leitores destas Crónicas, mas não imagino sequer se as bandas e os intérpretes que detêm as presenças nos lugares cimeiros dos Hit Parades internacionais passam por cá, ou não! Talvez venham, sim, talvez, mas eu não lhes dou a mínima importância e só reparo nos artistas do meu tempo de jovem, os tais que marcaram os Anos de Ouro da Música Pop – os Sixties.

Entre os que já estiveram, os que ainda estão, ou que vão estar (e sei que esta descrição faz crescer água na boca a muitos amigos...) estão nomes como The Hollies (tour dos 50 anos), Simon and Garfunkel, Carlos Santana, Supertramp, Carole King, Cliff Richard, Ringo Starr e Aretha Franklin. Não há dinheiro para ir ver tudo e a Bianca já me fez sentir essa restrição justa e conveniente, pelo que lhe pedi que se prescindisse de ir ver fosse quem fosse – fica para outra altura qualquer e sobretudo mantenho a minha coerência de manter as recordações auditivas ligadas ao som puro das gravações originais, isto porque a maioria dos artistas (não sei porquê) acham que devem “inovar” as suas interpretações quando “ao vivo” e vai daí... muitos deles estragam as músicas que os tornaram populares! Compreendo que as actuações não podem ser o “papel químico” das gravações de há 40, 50 ou 30 anos atrás, mas que não mudem tanto, tanto, que a dado passo, um tipo já não reconheça sequer os temas da sua nostalgia...

Filme em 3D

No início de Fevereiro, a Bianca e eu resolvemos ir ver um filme em 3D, que ainda que muitos pensem ser um filme infantil, é de facto um filme transcendente, para adultos e nem sequer é pacífico, ou fácil de entender, sendo bastante filosófico – “Life of Pi” – talvez com as traduções portuguesas dos filmes lhe tenham dado um título do género “A fuga dos chatos para a Índia”... 

Para mim foi uma experiência inédita pois, ainda que já muito divulgados em Portugal, eu nunca vira nenhum em 3D e adorei ver com os tais oculuzinhos especiais a formidável história de Pi, onde até se refere o nome de Portugal logo no início do filme... Vão ver!

A surpresa maior foi no preço! Os bilhetes de filmes sem serem em 3D andam cá à volta de 6 mil escudos, i.e. 18 euros por pessoa! O que eu não sabia é que os bilhetes para filmes em 3D quase triplicam o custo e... dá uma volta ao estômago ter de dar 16, 17 ou 18 contos (70, 75, ou 80 euros) pelos bilhetinhos de cinema! Chiça... penico!

É bem verdade que Sydney – segundo um relatório recentíssimo das Nações Unidas – é a 3ª cidade mais cara do mundo, a seguir a Tokyo e a uma outra cidade japonesa de que já me não lembro do nome!

Como tenho contado, tudo o que envolva prestação de serviços, como almoçar ou jantar num restaurante é um exagero de preço, embora nos supermercados até se consigam preços bastante em conta, ao nível dos praticados no Intermarché da minha saudosa Malveira! Jantar num restaurante de luxo, numa zona boa da cidade de Sydney pode custar 600 euros por pessoa. Arrendar uma casa (um apartamento de dois quartos, sala e cozinha), numa zona nobre de Sydney pode custar por semana algo como 400 contos (2000 euros) e como é fácil de ver, só profissões muito bem remuneradas suportam tais encargos!

Para além daqueles que a vida naturalmente bafejou de uma forma sumptuosa, milionários, banqueiros, artistas e tipos parecidos com os Sócrates da vida, Relvas e coiso e tal, são poucas as profissões que permitem uma vida realmente desafogada.

(A propósito... soube que o José Sócrates arranjou agora um excelente emprego numa farmacêutica suiça! Todos os filhos da puta têm muita sorte na vida! E Deus por vezes precisa de ir ao oftalmologista... tenho de Lhe aconselhar uma visita à Optivisão de Mafra...).

E aí surge naturalmente a questão: então e que profissões são essas que na Austrália permitem pagar 2000 contos por mês por um apartamento (10.000 euros)? Pois bem, espantem... se estão a pensar em advogados, médicos, dentistas e engenheiros, estão redondamente enganados!

Quem são os grandes senhores aqui, são os Canalizadores, Pedreiros, Estucadores, Pintores (de paredes), Marceneiros, Merceeiros, e outros que desempenham honradamente (e legitimamente, claro está!), profissões desse tipo e que são altamente pagos por serviços cujos prestadores são raros de encontrar, que são mesmo imprescindíveis e que poucos querem desempenhar...

Poderá não ser muito honroso dizer-se que se tem um filho Desentupidor de Canos, mas é altamente proveitoso e lucrativo, permitindo (regra geral) que a família viva numa mansão e na garagem da mansão estejam estacionados 7 ou 8 automóveis, entre os quais um Rolls Royce, um Porsch, vários BMW, ou Audi!
Ser professor (mesmo universitário) é quase sinónimo de desgraça e muitas dificuldades económicas, obrigado a viver-se em bairros degradados e mais pobres, tendo como vizinhos emigrantes chineses, tunisinos, ou colombianos.

Enfim... cada país com as suas caraterísticas!

Em Portugal sei que a “estória” das facturas obrigatórias está a pegar de estaca e a esse propósito, e certamente com o fito de atenuar os efeitos administrativos e financeiros da medida, alguém se lembrou de obter e divulgar o Número de Contribuinte do 1º Ministro Pedro Passos Coelho e assim, obtida a respectiva facturinha, ela poderá ser reencaminhada anónimamente para as Finanças, exactamente com o pretexto de constar nas contas do cidadão Pedro Coelho e desarticular todo o sistema montado. Não quero ser desmancha-prazeres e por isso aí vai:

Pedro Coelho, Contribuinte nº 177.142.430 
(Pena não ter o do Gaspar, ou o do Relvas)...
  

Já cá estou há quase 7 meses!

Dentro de quinze dias fará sete meses que vim de armas e bagagens pronto para casar com a Bianca e viver em definitivo neste país de onde vos escrevo e que abracei com a estima e a esperança de quem aqui quer viver o resto dos dias – não sei se muitos, se poucos – mas com a legítima esperança de poder aqui ser feliz e conseguir os objectivos que em Portugal não consegui atingir ao longo dos 42 anos em que aí vivi honradamente e sempre a trabalhar honestamente, pagando impostos e atravessando as inerentes dificuldades!

Como já referi a muitos amigos, a  certa altura decidi que já chegava e garanto-vos que aos 60 anos não me acho velho para recomeçar a vida, desde que se acredite naquilo que se faz e não faltem os apoios necessários da família mais chegada!

A minha família são em boa parte vocês a quem envio estas Crónicas que vou redigindo com amor e carinho. Espero que as leiam e delas gostem!

Espero também que estas minhas  palavras acabem por desenvolver em alguns a curiosidade suficiente para se meterem num avião atravessarem três continentes, fazerem uma viagem de 30 horas e virem constatar aqui directamente, que a Austrália é uma terra de futuro, de muitas oportunidades e onde a palavra crise se desconhece – nem faz parte dos dicionários...

Para melhor se estar municiado deve-se estudar o inglês como segunda língua e garanto-vos que aquilo que se aprende no liceu não chega. Para os mais hesitantes, garanto-vos que o melhor é deixarem para resolver cá esse problema, uma vez que em cada bairro existem comissões de apoio e de boas-vindas a quem chega e que queira aprender inglês, sobretudo o inglês falado cá... que é realmente muito diferente do falado pelos americanos (desistam de aprender pelos filmes de Hollywood), ou do inglês tipo Learning Gate (inglês britânico).

Foi o que fiz – inscrevi-me no Mosman High School num curso de English as a Second Language e durante oito semanas, duas horas às quartas-feiras à noite, lá vou ter aulas com uma professora, também ela emigrante, Mary MacDonagh, irlandesa aqui residente há 30 anos!

Comigo estão uma canadiana (da parte francesa), uma alemã, uma albanesa, uma chinesa, um marroquino, um coreano e um turco. Parecemos um grupo das Nações Unidas e lá nos entendemos todos, arranhando, cada um à sua maneira, o inglês que vamos desenvolvendo para podermos enfrentar profissionalmente uma carreira. Os orientais são, em meu entender, os que apresentam maiores dificuldades dada a forma como colocam a língua e como emitem tradicionalmente os sons que correspondem às suas estranhíssimas línguas.

Na sala de aula, eu estou mesmo ao lado do aluno da Coreia (do Sul), de Seul e que já esteve no Brasil, manifestando uma grande curiosidade por Portugal e Espanha e conhecendo razoavelmente temas como “Lisboa Antiga”, “Bailinho da Madeira”, ou “Besame mucho”.

Os Coreanos (garante-me ele) são pessoas muito informadas sobre o que se passa no resto do planeta e (disso eu já me tinha apercebido) têm hábitos culturais absolutamente diferentes. Segundo ele (a quem chamamos de James...), os coreanos não se olham nos olhos quando se falam porque tal seria considerado um desafio, uma atitude absolutamente rude. Enquanto aqui as pessoas estão sempre a pedir desculpa (oh... I’m sorry), quando se chegam demais, ou sem querer se tocam, cruzando-se umas com as outras, na China, ninguém pede desculpa de nada a menos que se trate de um crime particado contra a família do agredido, porque por exemplo se se pedisse desculpa de cada vez que se choca num passeio com outro transeunte, os chineses estariam permanentemente a pedir desculpa...

O meu colega turco (Umut de seu nome), é o mais bem disposto de todos, é capitão de bordo de Yachts e, como eu, gosta de música. Aprecia os anos 60 e toca viola e bateria, pelo que já combinámos ensaiar e apresentar um tema no final do curso.

O marroquino (talvez alguns o conheçam), foi jogador de futebol. Representou Marrocos como guarda-redes da selecção nacional nos anos 1994, 95 e 96. Chegou a ir a um Mundial. Chama-se Abe e actualmente faz parte de uma equipa de “removalists” i.e. de um team que executa mudança de casas. É um “armário” de mais de cem quilos e quase dois metros de altura!

Elas... a alemã (Carolyn) é a mais estudiosa e aplicada e veio há três meses de Munich. Já está empregada e toma conta de crianças. Alta e desempoeirada é atleta e corre vários quilómetros todos os dias!
A mais gira de todas é a albanesa (Donijetta), fala turco e alemão e casou com um australiano. Não trabalha e quer ser modelo! E há-de conseguir pois é uma “brasa”!

A canadiana (Adrianne) é a mais simpática! Já esteve em Portugal (Lisboa e Porto) adorou o país e quer passar a reforma dela em Portugal. Vive com um namorado inglês, bancário, que veio colocado pelo Banco para aqui, em Sydney, mas quer regressar à Europa. De Portugal recorda os prédios antigos, as paisagens maravilhosas, a comida inigualável em qualquer outra parte do mundo (diz ela) e recorda ainda o facto de toda a gente se queixar da crise... (eu não desmenti...)

A chinesa (chamamos-lhe Lucy), é casada, mas o marido vive em Pequim! É homem de negócios e ela vive no ocidente porque se fartou do regime chinês. É rica e habita um apartamento num complexo com piscina e campo de ténis. Não percebi bem se ela disse que praticava ténis ... ou pénis... mas que é jovem e sedutora... lá isso é! De cada vez que digo qualquer coisa ela sorri e bate palmas! Ainda não contei nada à Bianca!!! Mas ela lê as minhas crónicas!!! 

E assim vai o mundo... aqui por Sydney!    

A minha sogra vem cá em Outubro

No próximo mês de Outubro, isto é, daqui a sete meses vamos cá ter a visita da mãe da Bianca, a Elizabete, a quem chamamos de Dezi e que constituirá a primeira visita ao casal Arriaga desde que vim em Agosto de 2012.

Não sei se ela se importa que dê as suas coordenadas (o seu telemóvel, ou a sua morada) para o caso de a quererem contactar para alguma encomenda para nós. Contudo vou-lhe perguntar e entretanto, por mail, façam-me chegar testemunho de que a querem contactar para, também por mail, poder fornecer o contacto da Dezi.

Não imagino se ela se importa de trazer alguma coisa que tenham para nós (tipo um livro, ou medicamentos, ou outra coisa qualquer do género), mas não há como tentar... Sei lá uma garrafa de Porto, um Galo de Barcelos, um Queijo da Serra, um Borba... há sempre lugar na bagagem para uma coisa dessas!


A Bianca vai regressar aos estudos

Vai ser um esforço adicional muito importante, e certamente desgastante, mas ela tem o objectivo de, em simultâneo com a carreira profissional, completar os seus estudos e assim a partir de 27 de Fevereiro a Bianca vai regressar aos seus estudos universitários para completar o Mestrado em Análises de Sistemas de Gestão. Pelo menos até final de Agosto ela vai estar super ocupada com o curso em horário pós-laboral.
Claro está que a nossa vida se vai ressentir, o nosso quotidiano e os fins-de-semana vão empobrecer, mas este desígnio da Bianca é absolutamente legítimo e tem nisto o meu total apoio. Prioridades são prioridades e também eu serei beneficiado quando ela for promovida na empresa onde trabalha porque terminou os estudos!

Obviamente, ainda que reduzindo as crónicas à expressão mínima necessária, irei dando notícias e à medida que houver novidades relevantes não deixarei de as apresentar em futuras Crónicas do Fim-do-Mundo!!!

Fotos do Quarto

A malta está atenta e alguns repararam num detalhe que me tinha escapado e passava despercebido se não o assinalassem – eh pá e então fotografias do quarto? Pois, já me esquecia e assim, desta vez tive a preocupação de colocar no sítio do costume as fotos do quarto!

Para acederem às fotografias desta crónica e das anteriores (a partir da 6ª Crónica), basta clicarem em: 

http://www.flickr.com/photos/luisarriaga29/sets

Nas fotos que agora publico, poderão ver entre outras coisas cenas de um magnífico passeio ao bairro de Balmoral (relativamente perto de onde moramos agora) e que é um dos tais bairros chiques, onde só gente muito abastada pode viver.

Contudo, o bairro mais nobre de Sydney, chama-se Vaucluse, onde só há mansões milionárias e onde ninguém arrenda nada – ali só se compra! As vivendas andam todas para cima de dois milhões de Dolares, i.e. à volta de 2.000.000 de euros (quatrocentos mil contos na nossa moeda antiga). Não é só a comunidade Judia que lá habita. Esses vivem também nos bairros antigos da baixa de Sydney, particularmente junto à praia de Bondi! Em Vaucluse vivem australianos e sobretudo norte-americanos e sul-africanos endinheirados que decidiram abandonar os seus respectivos países e viver a reforma num local seguro, limpo, tranquilo, bonito, elegante, civilizado e moderno! As praias são inacessíveis porque são praticamente propriedade privada e há cancelas e portões que se não podem transpor para aceder a esses locais de eleição!

Mesmo assim, eu e a Bianca vamos num dos próximos fins-de-semana visitar (o que for possível de visitar) em Vaucluse (pronuncia-se Focluza).

Eu bem jogo semanalmente no OZ Lotto (sai às 3ªs feiras à noite), mas a roda da sorte nada tem querido com os meus números favoritos: 9, 11, 29 e 44! Vocês daí não querem fazer uma forcinha? Vá... pode ser que resulte! Mas nada de exagerar e fazer muita força... sobretudo se se tiver comido feijão na véspera!

Outro dos passeios programados para breve (talvez na Páscoa, com o nosso amigo de Wollongong, o Peter Thomas), será uma visita de um dia inteiro ao formidável Zoo de Sydney (também perto de onde moramos actualmente), mundialmente conhecido – o Taronga Zoo – considerado um dos maiores e aquele que melhor vista proporciona – sobre uma das muitas enseadas desta grande metrópole da Oceânia!

Sydney é realmente (se dúvidas eu tinha...), um dos pontos mais belos e distintos deste planeta! É realmente uma cidade enorme mas com recantos lindíssimos e onde vale a pena viver uma vida tranquila e rica! Eu sei que alguns, como o meu amigo Richard Betts, técnico reformado da NASA, (o homem que desenhou os motores do foguetão Saturno que levou a Apollo XI à Lua), acham que Portugal é o melhor país do mundo e que Cascais é o pedaço de paraíso que Deus deixou na Terra, mas ainda hei-de perguntar ao Dick (que é como eu o trato), se ele chegou a olhar com atenção para Sydney.

O Richard vive actualmente em Cascais e o seu passatempo é jogar Golf. Viaja com frequência para Israel (onde tem uma filha em Haifa) e para os States, onde tem a família em Boston!

A minha amiga Alda Mendonça, distinta advogada, natural de Torres Vedras, para que eu me não esqueça de Lisboa, tem feito uns tours pela capital e tem efectuado fantásticas reportagens fotográficas que depois me envia por mail e eu fico a roer-me de raiva por não ter nunca procurado conhecer todos os recantos da velha cidade! Porém, quando me ponho a pensar bem em Sydney, acabo sempre por reconhecer que não há comparação possível, nem no aspecto estético, nem na limpeza, nem na segurança, nem na grandiosidade, nem na animação da noite, nem em múltiplos outros aspectos!

Também conheço outras cidades igualmente bonitas como o Rio de Janeiro, Nova Iorque, Paris, Durban, mas nada se compara a Sydney...

Curiosamente quando pensamos em Lisboa como cidade pacífica, também aí somos capazes de estar longe da verdade. Tenho um outro grande amigo, de Moçambique, muçulmano, o Dr. Faruk Norali, homem de negócios, que viaja com frequência para destinos como Caracas (Venezuela), Bagdad, Joanesburgo, Teerão, Rio de Janeiro, São Paulo e... quando um dia, falando sobre insegurança urbana, lhe perguntei qual era a cidade em que ele se sentia menos seguro, supondo que ele me referisse Luanda, ou Caracas,ou Bagdad, ele foi peremptório respondendo que para ele, a cidade mais perigosa do mundo era sem dúvida Lisboa, local onde de cada vez que ele aí ia era assaltado!

Na verdade o factor segurança é intrínseco à “beleza” que encontramos neste ou naquele local!

Dia dos Namorados

A 14 de Fevereiro, aqui, como noutros locais, festeja-se o doce Dia dos Namorados. Eu ofereci este ano flores à minha Bianca. Pedi-lhe licença para as fotografar e exibi-las na montra do “flickr” onde mostramos aos amigos as nossas fotografias. Que tal?

Entretanto, este ano vou assistir pela 1ª vez, a 2 de Março (sábado) ao famoso Mardis Gras – uma espécie de Carnaval à australiana que inclui uma imensa Parada de Homossexuais que aqui constituêm um importante e influente grupo social. Ainda que, ao contrário de Portugal, os casamentos entre Lésbicas, ou entre Homossexuais, não sejam ainda autorizados, a verdade é que a pressão social e a força que esses dois grupos exercem em Sydney é imensa e é habitual na rua (sobretudo na baixa de Sydney – o CBD) verem-se raparigas de mãos dadas e a beijarem-se na boca, livremente e sem constrangimentos, ou de forma idêntica, rapazes e homens de idade madura (tipos de 50 ou de 60 anos), de mãos dadas e a beijarem-se apaixonadamente, à vista de quem quer que passe e olhe. E não há críticas, nem assobios, nem comentários jucosos. E se porventura alguém faz algum reparo, a polícia intervém e detém o “comentador”...

É uma sociedade diferente – não sei se mais adiantada, se em fase de regressão, se atrasada!

Aqui... é diferente!

Este ano, em 14 de Setembro vão ocorrer eleições parlamentares, as mais importantes eleições, já que os seus resultados vão determinar a formação de um novo governo federal. Como expliquei anteriormente, a Austrália é um estado federal constituído por sete estados praticamente independentes uns dos outros, com legislação diferente, com governos distintos e autónomos. Em cada estado existe um 1º Ministro e um governo próprio.

Contudo, a vida política decorre em torno de dois partidos – Labour e Liberal – que correspondem quase exactamente ao PS e ao PSD. Neste momento, a Austrália (governo federal) é chefiada pela 1ª ministro Julia Gillard, do PS (i.e. do partido Labour).

Diz-se que este ano, em Setembro vai haver a novidade de um novo partido, a concorrer – o partido chefiado pelo australiano Julian Assange – o tipo do Wikileafks (suponho que se escreva assim), que de momento vive refugiado na Embaixada Colombiana em Londres. 

Já tive oportunidade de escrever directamente para a Julia Gillard a chamar a atenção para o facto do serviço internacional de televisão na Austrália, da responsabilidade de uma empresa do estado, a SBS, quase ignorar as emissões em língua portuguesa, quando o português é a quarta língua mais falada no mundo e é idioma principal em oito países do mundo, em todos os continentes!

Nem me respondeu – fiquei ofendido, mas mandei-a apanhar no c... tal como no comentário que o Francisco José Viegas fez a propósito da questão das facturas obrigatórias...      

Por falar em política...

Chego ao final desta 10ª Crónica das Terras do Fim-do-Mundo, para acrescentar em Anexo, e com a devida vénia, um notável artigo publicado numa edição recente do Jornal Expresso pelo cronista Nicolau Santos – “Gaspar não foi ao enterro da Dª Claudete”

Com ele me despeço e até uma próxima oportunidade que, confesso, não sei se demorará um mês, dois meses, três meses... Tenciono continuar a escrever-vos mas, decidi dar tempo ao tempo.
Bye, adios amigos, ciao, fiquem bem e até um dia!

Vosso amigo, sempre ao dispor em Sydney, enviando abreijos deste lado do planeta!

Luis Arriaga
Sydney, aos 23 de Fevereiro de 2013.


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