Na praia de Balmoral |
Não
sei se esta será a última Crónica que escrevo desta Austrália distante, porém,
elas não foram “desenhadas” para prosseguirem indefinidamente! Já não há muito
mais a acrescentar ao que já vos escrevi e não quero ser nem maçador, nem
abusador do vosso tempo e da vossa paciência, e muito menos me quero repetir!
Reconheço
que são também escassos os sinais que daí recebo, isto é, o eco às Crónicas vai
diminuindo, certamente porque também elas já não encerram, como aquando das
primeiras, tantas novidades que justifiquem o interesse de outrora.
Há
que saber parar a tempo e pelo menos durante uns meses, até que haja realmente
novidades, eu vou abster-me de vos maçar com estas intervenções de quem, cheio
de nostalgia, decidiu pôr por escrito as emoções e os afectos desta lonjura!
Utilizarei
os mesmos canais que usei até aqui.
Já
não está tanto calor
Enquanto
o Inverno português começa a dar sinais de algum abrandamento, uma vez que a
Primavera se prepara para tomar o seu lugar, substituindo-o, logo depois chegará
o Verão tão do contentamento dos portugueses. Aqui, pelo contrário, já se não
faz sentir tanto o calor abrasador do Estio australiano e já há umas noites
mais fresquinhas em que sabe bem ter uma manta aos pés da cama, para puxar por
cima do lençol!
Março
e Abril ainda serão de temperaturas amenas, mas depois em Maio e Junho o frio
bate à porta e para o oeste de Sydney existe uma cordilheira – as Blue
Mountains – onde já tem nevado algumas vezes e as temperaturas frequentemente
vão abaixo de zero!
Irei
ver se então esta rapaziada calça outra coisa que não sejam chinelas do tipo
brasileiro e se sabem vestir algo mais aconchegante que não sejam as coloridas
Tshirts tão típicas destas paragens!
Também
os calções são “traje nacional”! Curiosamente, neste país as gravatas são
votadas ao ostracismo, já que quase ninguém as usa! Na televisão, por exemplo,
com a única excepção do Ministro dos Negécios Estarngeiros, nenhum ministro
ousa colocar esse triste apêndice que um dia alguém inventou como acessório do
vestuário masculino.
Artistas
que nos visitam
Tal
como tenho anunciado em particular, a alguns dos meus amigos mais aficionados à
música, a Austrália é sempre alvo de uma atenção especial por parte dos maiores
nomes da Pop, não só por razões de mercado, mas porque no outro hemisfério se vive
um período de crise e de defeso!
São
assim muitos os nomes de artistas famosos que demandam estes palcos, sobretudo
anunciados para Sydney e para Melbourne – a capital cultural deste maravilhoso
país.
Não
reconheço os nomes mais actuais e que me perdoem os mais jovens leitores destas
Crónicas, mas não imagino sequer se as bandas e os intérpretes que detêm as
presenças nos lugares cimeiros dos Hit Parades internacionais passam por cá, ou
não! Talvez venham, sim, talvez, mas eu não lhes dou a mínima importância e só
reparo nos artistas do meu tempo de jovem, os tais que marcaram os Anos de Ouro
da Música Pop – os Sixties.
Entre
os que já estiveram, os que ainda estão, ou que vão estar (e sei que esta
descrição faz crescer água na boca a muitos amigos...) estão nomes como The
Hollies (tour dos 50 anos), Simon and Garfunkel, Carlos Santana, Supertramp,
Carole King, Cliff Richard, Ringo Starr e Aretha Franklin. Não há dinheiro para
ir ver tudo e a Bianca já me fez sentir essa restrição justa e conveniente,
pelo que lhe pedi que se prescindisse de ir ver fosse quem fosse – fica para
outra altura qualquer e sobretudo mantenho a minha coerência de manter as
recordações auditivas ligadas ao som puro das gravações originais, isto porque
a maioria dos artistas (não sei porquê) acham que devem “inovar” as suas
interpretações quando “ao vivo” e vai daí... muitos deles estragam as músicas
que os tornaram populares! Compreendo que as actuações não podem ser o “papel
químico” das gravações de há 40, 50 ou 30 anos atrás, mas que não mudem tanto,
tanto, que a dado passo, um tipo já não reconheça sequer os temas da sua
nostalgia...
Filme
em 3D
No
início de Fevereiro, a Bianca e eu resolvemos ir ver um filme em 3D, que ainda
que muitos pensem ser um filme infantil, é de facto um filme transcendente,
para adultos e nem sequer é pacífico, ou fácil de entender, sendo bastante
filosófico – “Life of Pi” – talvez com as traduções portuguesas dos filmes lhe
tenham dado um título do género “A fuga dos chatos para a Índia”...
Para
mim foi uma experiência inédita pois, ainda que já muito divulgados em Portugal,
eu nunca vira nenhum em 3D e adorei ver com os tais oculuzinhos especiais a
formidável história de Pi, onde até se refere o nome de Portugal logo no início
do filme... Vão ver!
A
surpresa maior foi no preço! Os bilhetes de filmes sem serem em 3D andam cá à
volta de 6 mil escudos, i.e. 18 euros por pessoa! O que eu não sabia é que os
bilhetes para filmes em 3D quase triplicam o custo e... dá uma volta ao
estômago ter de dar 16, 17 ou 18 contos (70, 75, ou 80 euros) pelos bilhetinhos
de cinema! Chiça... penico!
É
bem verdade que Sydney – segundo um relatório recentíssimo das Nações Unidas –
é a 3ª cidade mais cara do mundo, a seguir a Tokyo e a uma outra cidade
japonesa de que já me não lembro do nome!
Como
tenho contado, tudo o que envolva prestação de serviços, como almoçar ou jantar
num restaurante é um exagero de preço, embora nos supermercados até se consigam
preços bastante em conta, ao nível dos praticados no Intermarché da minha
saudosa Malveira! Jantar num restaurante de luxo, numa zona boa da cidade de
Sydney pode custar 600 euros por pessoa. Arrendar uma casa (um apartamento de
dois quartos, sala e cozinha), numa zona nobre de Sydney pode custar por semana algo como 400
contos (2000 euros) e como é fácil de ver, só profissões muito bem remuneradas
suportam tais encargos!
Para
além daqueles que a vida naturalmente bafejou de uma forma sumptuosa,
milionários, banqueiros, artistas e tipos parecidos com os Sócrates da vida,
Relvas e coiso e tal, são poucas as profissões que permitem uma vida realmente desafogada.
(A propósito... soube que o José Sócrates
arranjou agora um excelente emprego numa farmacêutica suiça! Todos os filhos da
puta têm muita sorte na vida! E Deus por vezes precisa de ir ao
oftalmologista... tenho de Lhe aconselhar uma visita à Optivisão de Mafra...).
E
aí surge naturalmente a questão: então e que profissões são essas que na
Austrália permitem pagar 2000 contos por mês por um apartamento (10.000 euros)?
Pois bem, espantem... se estão a pensar em advogados, médicos, dentistas e
engenheiros, estão redondamente enganados!
Quem
são os grandes senhores aqui, são os Canalizadores, Pedreiros, Estucadores, Pintores
(de paredes), Marceneiros, Merceeiros, e outros que desempenham honradamente (e
legitimamente, claro está!), profissões desse tipo e que são altamente pagos
por serviços cujos prestadores são raros de encontrar, que são mesmo imprescindíveis
e que poucos querem desempenhar...
Poderá
não ser muito honroso dizer-se que se tem um filho Desentupidor de Canos, mas é
altamente proveitoso e lucrativo, permitindo (regra geral) que a família viva
numa mansão e na garagem da mansão estejam estacionados 7 ou 8 automóveis,
entre os quais um Rolls Royce, um Porsch, vários BMW, ou Audi!
Ser
professor (mesmo universitário) é quase sinónimo de desgraça e muitas
dificuldades económicas, obrigado a viver-se em bairros degradados e mais
pobres, tendo como vizinhos emigrantes chineses, tunisinos, ou colombianos.
Enfim...
cada país com as suas caraterísticas!
Em
Portugal sei que a “estória” das facturas obrigatórias está a pegar de estaca e
a esse propósito, e certamente com o fito de atenuar os efeitos administrativos
e financeiros da medida, alguém se lembrou de obter e divulgar o Número de
Contribuinte do 1º Ministro Pedro Passos Coelho e assim, obtida a respectiva
facturinha, ela poderá ser reencaminhada anónimamente para as Finanças,
exactamente com o pretexto de constar nas contas do cidadão Pedro Coelho e
desarticular todo o sistema montado. Não quero ser desmancha-prazeres e por
isso aí vai:
Pedro Coelho, Contribuinte nº
177.142.430
(Pena
não ter o do Gaspar, ou o do Relvas)...
Já
cá estou há quase 7 meses!
Dentro
de quinze dias fará sete meses que vim de armas e bagagens pronto para casar
com a Bianca e viver em definitivo neste país de onde vos escrevo e que abracei
com a estima e a esperança de quem aqui quer viver o resto dos dias – não sei
se muitos, se poucos – mas com a legítima esperança de poder aqui ser feliz e
conseguir os objectivos que em Portugal não consegui atingir ao longo dos 42
anos em que aí vivi honradamente e sempre a trabalhar honestamente, pagando
impostos e atravessando as inerentes dificuldades!
Como
já referi a muitos amigos, a certa
altura decidi que já chegava e garanto-vos que aos 60 anos não me acho velho
para recomeçar a vida, desde que se acredite naquilo que se faz e não faltem os
apoios necessários da família mais chegada!
A
minha família são em boa parte vocês a quem envio estas Crónicas que vou
redigindo com amor e carinho. Espero que as leiam e delas gostem!
Espero
também que estas minhas palavras acabem
por desenvolver em alguns a curiosidade suficiente para se meterem num avião
atravessarem três continentes, fazerem uma viagem de 30 horas e virem constatar
aqui directamente, que a Austrália é uma terra de futuro, de muitas
oportunidades e onde a palavra crise se desconhece – nem faz parte dos
dicionários...
Para
melhor se estar municiado deve-se estudar o inglês como segunda língua e
garanto-vos que aquilo que se aprende no liceu não chega. Para os mais
hesitantes, garanto-vos que o melhor é deixarem para resolver cá esse problema,
uma vez que em cada bairro existem comissões de apoio e de boas-vindas a quem
chega e que queira aprender inglês, sobretudo o inglês falado cá... que é
realmente muito diferente do falado pelos americanos (desistam de aprender
pelos filmes de Hollywood), ou do inglês tipo Learning Gate (inglês britânico).
Foi
o que fiz – inscrevi-me no Mosman High School num curso de English as a Second Language e durante oito semanas, duas horas às
quartas-feiras à noite, lá vou ter aulas com uma professora, também ela
emigrante, Mary MacDonagh, irlandesa aqui residente há 30 anos!
Comigo
estão uma canadiana (da parte francesa), uma alemã, uma albanesa, uma chinesa,
um marroquino, um coreano e um turco. Parecemos um grupo das Nações Unidas e lá
nos entendemos todos, arranhando, cada um à sua maneira, o inglês que vamos
desenvolvendo para podermos enfrentar profissionalmente uma carreira. Os
orientais são, em meu entender, os que apresentam maiores dificuldades dada a
forma como colocam a língua e como emitem tradicionalmente os sons que
correspondem às suas estranhíssimas línguas.
Na
sala de aula, eu estou mesmo ao lado do aluno da Coreia (do Sul), de Seul e que
já esteve no Brasil, manifestando uma grande curiosidade por Portugal e Espanha
e conhecendo razoavelmente temas como “Lisboa Antiga”, “Bailinho da Madeira”,
ou “Besame mucho”.
Os
Coreanos (garante-me ele) são pessoas muito informadas sobre o que se passa no
resto do planeta e (disso eu já me tinha apercebido) têm hábitos culturais
absolutamente diferentes. Segundo ele (a quem chamamos de James...), os
coreanos não se olham nos olhos quando se falam porque tal seria considerado um
desafio, uma atitude absolutamente rude. Enquanto aqui as pessoas estão sempre
a pedir desculpa (oh... I’m sorry), quando se chegam demais, ou sem querer se
tocam, cruzando-se umas com as outras, na China, ninguém pede desculpa de nada
a menos que se trate de um crime particado contra a família do agredido, porque
por exemplo se se pedisse desculpa de cada vez que se choca num passeio com
outro transeunte, os chineses estariam permanentemente a pedir desculpa...
O
meu colega turco (Umut de seu nome), é o mais bem disposto de todos, é capitão
de bordo de Yachts e, como eu, gosta de música. Aprecia os anos 60 e toca viola
e bateria, pelo que já combinámos ensaiar e apresentar um tema no final do
curso.
O
marroquino (talvez alguns o conheçam), foi jogador de futebol. Representou
Marrocos como guarda-redes da selecção nacional nos anos 1994, 95 e 96. Chegou
a ir a um Mundial. Chama-se Abe e actualmente faz parte de uma equipa de “removalists”
i.e. de um team que executa mudança
de casas. É um “armário” de mais de cem quilos e quase dois metros de altura!
Elas...
a alemã (Carolyn) é a mais estudiosa e aplicada e veio há três meses de Munich.
Já está empregada e toma conta de crianças. Alta e desempoeirada é atleta e
corre vários quilómetros todos os dias!
A
mais gira de todas é a albanesa (Donijetta), fala turco e alemão e casou com um
australiano. Não trabalha e quer ser modelo! E há-de conseguir pois é uma
“brasa”!
A
canadiana (Adrianne) é a mais simpática! Já esteve em Portugal (Lisboa e Porto)
adorou o país e quer passar a reforma dela em Portugal. Vive com um namorado
inglês, bancário, que veio colocado pelo Banco para aqui, em Sydney, mas quer
regressar à Europa. De Portugal recorda os prédios antigos, as paisagens
maravilhosas, a comida inigualável em qualquer outra parte do mundo (diz ela) e
recorda ainda o facto de toda a gente se queixar da crise... (eu não
desmenti...)
A
chinesa (chamamos-lhe Lucy), é casada, mas o marido vive em Pequim! É homem de
negócios e ela vive no ocidente porque se fartou do regime chinês. É rica e
habita um apartamento num complexo com piscina e campo de ténis. Não percebi
bem se ela disse que praticava ténis ... ou pénis... mas que é jovem e sedutora...
lá isso é! De cada vez que digo qualquer coisa ela sorri e bate palmas! Ainda
não contei nada à Bianca!!! Mas ela lê as minhas crónicas!!!
E
assim vai o mundo... aqui por Sydney!
A
minha sogra vem cá em Outubro
No
próximo mês de Outubro, isto é, daqui a sete meses vamos cá ter a visita da mãe
da Bianca, a Elizabete, a quem chamamos de Dezi e que constituirá a primeira
visita ao casal Arriaga desde que vim em Agosto de 2012.
Não
sei se ela se importa que dê as suas coordenadas (o seu telemóvel, ou a sua
morada) para o caso de a quererem contactar para alguma encomenda para nós.
Contudo vou-lhe perguntar e entretanto, por mail, façam-me chegar testemunho de
que a querem contactar para, também por mail, poder fornecer o contacto da
Dezi.
Não
imagino se ela se importa de trazer alguma coisa que tenham para nós (tipo um
livro, ou medicamentos, ou outra coisa qualquer do género), mas não há como
tentar... Sei lá uma garrafa de Porto, um Galo de Barcelos, um Queijo da Serra,
um Borba... há sempre lugar na bagagem para uma coisa dessas!
A
Bianca vai regressar aos estudos
Vai
ser um esforço adicional muito importante, e certamente desgastante, mas ela
tem o objectivo de, em simultâneo com a carreira profissional, completar os
seus estudos e assim a partir de 27 de Fevereiro a Bianca vai regressar aos
seus estudos universitários para completar o Mestrado em Análises de Sistemas
de Gestão. Pelo menos até final de Agosto ela vai estar super ocupada com o
curso em horário pós-laboral.
Claro
está que a nossa vida se vai ressentir, o nosso quotidiano e os fins-de-semana
vão empobrecer, mas este desígnio da Bianca é absolutamente legítimo e tem
nisto o meu total apoio. Prioridades são prioridades e também eu serei
beneficiado quando ela for promovida na empresa onde trabalha porque terminou
os estudos!
Obviamente,
ainda que reduzindo as crónicas à expressão mínima necessária, irei dando
notícias e à medida que houver novidades relevantes não deixarei de as
apresentar em futuras Crónicas do Fim-do-Mundo!!!
Fotos
do Quarto
A
malta está atenta e alguns repararam num detalhe que me tinha escapado e
passava despercebido se não o assinalassem – eh pá e então fotografias do
quarto? Pois, já me esquecia e assim, desta vez tive a preocupação de colocar
no sítio do costume as fotos do quarto!
Para
acederem às fotografias desta crónica e das anteriores (a partir da 6ª
Crónica), basta clicarem em:
http://www.flickr.com/photos/luisarriaga29/sets
Nas
fotos que agora publico, poderão ver entre outras coisas cenas de um magnífico
passeio ao bairro de Balmoral (relativamente perto de onde moramos agora) e que
é um dos tais bairros chiques, onde só gente muito abastada pode viver.
Contudo,
o bairro mais nobre de Sydney, chama-se Vaucluse, onde só há mansões
milionárias e onde ninguém arrenda nada – ali só se compra! As vivendas andam todas
para cima de dois milhões de Dolares, i.e. à volta de 2.000.000 de euros
(quatrocentos mil contos na nossa moeda antiga). Não é só a comunidade Judia
que lá habita. Esses vivem também nos bairros antigos da baixa de Sydney,
particularmente junto à praia de Bondi! Em Vaucluse vivem australianos e
sobretudo norte-americanos e sul-africanos endinheirados que decidiram
abandonar os seus respectivos países e viver a reforma num local seguro, limpo,
tranquilo, bonito, elegante, civilizado e moderno! As praias são inacessíveis
porque são praticamente propriedade privada e há cancelas e portões que se não
podem transpor para aceder a esses locais de eleição!
Mesmo
assim, eu e a Bianca vamos num dos próximos fins-de-semana visitar (o que for
possível de visitar) em Vaucluse (pronuncia-se Focluza).
Eu
bem jogo semanalmente no OZ Lotto (sai às 3ªs feiras à noite), mas a roda da
sorte nada tem querido com os meus números favoritos: 9, 11, 29 e 44! Vocês daí
não querem fazer uma forcinha? Vá... pode ser que resulte! Mas nada de exagerar
e fazer muita força... sobretudo se se tiver comido feijão na véspera!
Outro
dos passeios programados para breve (talvez na Páscoa, com o nosso amigo de
Wollongong, o Peter Thomas), será uma visita de um dia inteiro ao formidável
Zoo de Sydney (também perto de onde moramos actualmente), mundialmente
conhecido – o Taronga Zoo – considerado um dos maiores e aquele que melhor
vista proporciona – sobre uma das muitas enseadas desta grande metrópole da Oceânia!
Sydney
é realmente (se dúvidas eu tinha...), um dos pontos mais belos e distintos
deste planeta! É realmente uma cidade enorme mas com recantos lindíssimos e
onde vale a pena viver uma vida tranquila e rica! Eu sei que alguns, como o meu
amigo Richard Betts, técnico reformado da NASA, (o homem que desenhou os
motores do foguetão Saturno que levou a Apollo XI à Lua), acham que Portugal é
o melhor país do mundo e que Cascais é o pedaço de paraíso que Deus deixou na
Terra, mas ainda hei-de perguntar ao Dick (que é como eu o trato), se ele
chegou a olhar com atenção para Sydney.
O
Richard vive actualmente em Cascais e o seu passatempo é jogar Golf. Viaja com
frequência para Israel (onde tem uma filha em Haifa) e para os States, onde tem
a família em Boston!
A
minha amiga Alda Mendonça, distinta advogada, natural de Torres Vedras, para
que eu me não esqueça de Lisboa, tem feito uns tours pela capital e tem
efectuado fantásticas reportagens fotográficas que depois me envia por mail e
eu fico a roer-me de raiva por não ter nunca procurado conhecer todos os
recantos da velha cidade! Porém, quando me ponho a pensar bem em Sydney, acabo
sempre por reconhecer que não há comparação possível, nem no aspecto estético,
nem na limpeza, nem na segurança, nem na grandiosidade, nem na animação da
noite, nem em múltiplos outros aspectos!
Também
conheço outras cidades igualmente bonitas como o Rio de Janeiro, Nova Iorque,
Paris, Durban, mas nada se compara a Sydney...
Curiosamente
quando pensamos em Lisboa como cidade pacífica, também aí somos capazes de
estar longe da verdade. Tenho um outro grande amigo, de Moçambique, muçulmano,
o Dr. Faruk Norali, homem de negócios, que viaja com frequência para destinos
como Caracas (Venezuela), Bagdad, Joanesburgo, Teerão, Rio de Janeiro, São
Paulo e... quando um dia, falando sobre insegurança urbana, lhe perguntei qual
era a cidade em que ele se sentia menos seguro, supondo que ele me referisse
Luanda, ou Caracas,ou Bagdad, ele foi peremptório respondendo que para ele, a
cidade mais perigosa do mundo era sem dúvida Lisboa, local onde de cada vez que
ele aí ia era assaltado!
Na
verdade o factor segurança é intrínseco à “beleza” que encontramos neste ou
naquele local!
Dia
dos Namorados
A
14 de Fevereiro, aqui, como noutros locais, festeja-se o doce Dia dos
Namorados. Eu ofereci este ano flores à minha Bianca. Pedi-lhe licença para as
fotografar e exibi-las na montra do “flickr” onde mostramos aos amigos as
nossas fotografias. Que tal?
Entretanto,
este ano vou assistir pela 1ª vez, a 2 de Março (sábado) ao famoso Mardis Gras
– uma espécie de Carnaval à australiana que inclui uma imensa Parada de
Homossexuais que aqui constituêm um importante e influente grupo social. Ainda
que, ao contrário de Portugal, os casamentos entre Lésbicas, ou entre
Homossexuais, não sejam ainda autorizados, a verdade é que a pressão social e a
força que esses dois grupos exercem em Sydney é imensa e é habitual na rua
(sobretudo na baixa de Sydney – o CBD) verem-se raparigas de mãos dadas e a
beijarem-se na boca, livremente e sem constrangimentos, ou de forma idêntica,
rapazes e homens de idade madura (tipos de 50 ou de 60 anos), de mãos dadas e a
beijarem-se apaixonadamente, à vista de quem quer que passe e olhe. E não há
críticas, nem assobios, nem comentários jucosos. E se porventura alguém faz
algum reparo, a polícia intervém e detém o “comentador”...
É
uma sociedade diferente – não sei se mais adiantada, se em fase de regressão,
se atrasada!
Aqui...
é diferente!
Este
ano, em 14 de Setembro vão ocorrer eleições parlamentares, as mais importantes
eleições, já que os seus resultados vão determinar a formação de um novo
governo federal. Como expliquei anteriormente, a Austrália é um estado federal
constituído por sete estados praticamente independentes uns dos outros, com
legislação diferente, com governos distintos e autónomos. Em cada estado existe
um 1º Ministro e um governo próprio.
Contudo,
a vida política decorre em torno de dois partidos – Labour e Liberal – que
correspondem quase exactamente ao PS e ao PSD. Neste momento, a Austrália
(governo federal) é chefiada pela 1ª ministro Julia Gillard, do PS (i.e. do
partido Labour).
Diz-se
que este ano, em Setembro vai haver a novidade de um novo partido, a concorrer
– o partido chefiado pelo australiano Julian Assange – o tipo do Wikileafks
(suponho que se escreva assim), que de momento vive refugiado na Embaixada
Colombiana em Londres.
Já
tive oportunidade de escrever directamente para a Julia Gillard a chamar a
atenção para o facto do serviço internacional de televisão na Austrália, da
responsabilidade de uma empresa do estado, a SBS, quase ignorar as emissões em
língua portuguesa, quando o português é a quarta língua mais falada no mundo e
é idioma principal em oito países do mundo, em todos os continentes!
Nem
me respondeu – fiquei ofendido, mas mandei-a apanhar no c... tal como no
comentário que o Francisco José Viegas fez a propósito da questão das facturas
obrigatórias...
Por
falar em política...
Chego
ao final desta 10ª Crónica das Terras do Fim-do-Mundo, para acrescentar em
Anexo, e com a devida vénia, um notável artigo publicado numa edição
recente do Jornal Expresso pelo cronista Nicolau Santos – “Gaspar não foi ao
enterro da Dª Claudete”
Com
ele me despeço e até uma próxima oportunidade que, confesso, não sei se
demorará um mês, dois meses, três meses... Tenciono continuar a escrever-vos
mas, decidi dar tempo ao tempo.
Bye,
adios amigos, ciao, fiquem bem e até um dia!
Vosso
amigo, sempre ao dispor em Sydney, enviando abreijos deste lado do planeta!
Luis
Arriaga
Sydney,
aos 23 de Fevereiro de 2013.
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