Defesas em kembla contra a suposta invasão dos Russos no final da 2ª Guerra Mundial |
Junho
chegou com frio, chuva, vento e com o Inverno a anunciar-se rigoroso. Eu não
acreditei no que a Bianca me dissera – olha que na Austrália também faz frio,
mais do que em Mafra, olha que vais ter de te agasalhar, olha que... – e agora
vejo que sim! O drama está em que, de dia as temperaturas estão amenas, mas ao
final da tarde, os termómetros passam rapidamente para zero, menos um, dois
graus, e na cama temos de pôr os “doonas”
a funcionar... Doona é a expressão aussie para edredon!
Junho
é também o mês das festividades do Dia de Portugal, Dia de Camões e das
Comunidades Portuguesas!
Como
aqui se comemora o aniversário da Rainha Isabel (que é a 10 de Junho, Feriado),
os emigrantes portugueses entenderam e bem, festejar o nosso 10 de Junho a 8 –
Sábado!
Por
qualquer motivo que desconheço, uma comissão de portugueses veio pedir-me que
eu discursasse na Sessão de Abertura das festas do Dia de Portugal em Sydney,
no Frazer Park. Em princípio eram para estar presentes dois Ministros do
Governo Federal Australiano e o nosso Corpo Diplomático. Afinal só foram, em
representação do Mayor de
Marrickville (o bairro onde fica o Pavilhão do Frazer Park) uma simpática
senhora – Rosana Tyler e o marido – ela nascida em Bueno Aires e ambos
Vereadores da Câmara, e a nossa Cônsul em Sydney, Drª Sofia Batalha.
No
final, junto o texto do discurso que proferi.
Outras
novidades
Tivémos
recentemente outra visita em nossa casa. Tratou-se do amigo da Bianca, Garnet
Rottcher, que embora sendo sul-africano de nascença, veio viver para a Nova
Zelândia, onde está radicado há vários anos. Tendo de vir em serviço a
Melbourne e a Sydney, convidámo-lo a ficar meia dúzia de dias em nossa casa.
Não
sendo um particular apreciador de música, nos tempos livres, sobretudo à noite,
antes de dormir, conversávamos sobre espiritualidade, já que o Garnet é um
estudioso de Cientologia, uma espécie de “nova religião” oriunda dos Estados
Unidos, uma forma diferente de se estar na vida criada por um cientista já
falecido: Ron Hubbard.
Adquiri
um livro sobre Cientologia para melhor me inteirar sobre tal “religião”, de que
são seguidores, por exemplo, John Travolta, Tom Cruise, etc.
Entretanto,
há dias, passeando a pé por North Sydney, vi um “outdoor” com uma frase
publicitária de lançamento de uma nova bebida energética, frase que decorei por
achar perfeitamente genial: Nada de
Aditivos, Só Superlativos. Eu, que sempre fui fan de boa publicidade e de
excelente criatividade, só não fotografei porque a máquina ficara sem carga,
mas tomei nota para a divulgar entre os meus amigos!
Nesse
mesmo passeio, acabei por ir até um local de que já tinha ouvido excepcionais
referências – o MacMahon’s Point! (Ver Fotos no Flickr – é um local com uma
vista deslumbrante!).
O
nome despertara-me curiosidade, uma vez que também Lourenço Marques, de onde
sou natural, tem uma Praça MacMahon, uma praça grande, na baixa da cidade,
junto à formosa Estação Ferroviária, considerada uma das mais belas do mundo.
Curiosamente
o regime moçambicano manteve a Estação e o nome da Praça que lhe serve de
acesso!
MacMahon
era o nome de um general francês que dirimiu uma disputa com os nossos
“aliados” ingleses que no final do século XIX e início do século XX quiseram
apoderar-se (no tempo da rainha Vitória e do sucessor Eduardo VII , a quem
estranhamente os portugueses dedicaram um espaço nobre no meio de Lisboa...)
dos portuguesíssimos territórios do sul de Moçambique.
Como
nesse tempo ainda não havia Organização das Nações Unidas para arbitrar os
diferendos políticos, os países propunham referees
(árbitros com prestígio internacionalmente aceites por ambos os
pré-beligerantes) e, confiando numa douta decisão, acatavam o que fosse a sua
opinião.
Nessa
circunstância, MacMahon decidiu que os territórios reclamados pela Inglaterra
pertenciam legitimamente a Portugal. E Moçambique manteve-se então colónia de
Portugal. Curiosamente, os ingleses chegaram a administrar durante dois ou três
anos aquele território, a partir de Lourenço Marques, a que rebaptizaram de
“Terra do Branco”, tradução da expressão landim que designava a cidade –
Xilonguíne – hoje Maputo! E o meu avô materno, velho colono que habitava a
velha Xilonguíne, chegou a ser obrigado a possuir Bilhete de Identidade como
cidadão britânico...
Enfim,
outros tempos!
Mal
se imaginaria que cem anos depois, o neto viesse parar a esta antiga colónia
britânica da Austrália!!! A vida dá realmente muitas voltas!
11
de Maio – Noite de Fados
Eu
já me referira a ele na Crónica anterior. Falo do nosso amigo Ivo Rato,
antropólogo português residente em Melbourne. Na ocasião referi-me a uma Tese
que ele defende, no sentido de provar que o Fado é mais antigo do que se supõe
(tem mais de dois mil anos) e não é efectivamente, nem uma “criação” brasileira
trazida pelos escravos africanos levados para a então colónia portuguesa do
Brasil, nem um produto dos “lamentos” mouros dos ditos “infiéis” que habitavam
a cidade de Lisboa quando Dom Afonso Henriques a tomou em 1147. Com efeito,
numa concorrida sessão realizada na tarde de 11 de Maio nas instalações do
Museu Etnográfico Português, Ivo Rato explicou a sua fundamentada opinião das
origens celtas do Fado, comuns ao Fandango e à Faena.
À
noite houve Fados no Frazer Park e artistas vindos de Lisboa foram um sucesso.
Alice Nunes, fadista de gema, com uma escola de fado em Alverca do Ribatejo, a
nova cara bonita do fado lisboeta Raquel Tavares (surpreendente) e os
guitarristas César e Flávio Cardoso (pai e filho, respectivamente Viola e Guitarra),
o próprio Ivo Rato e ainda um excelente fadista local Ricardo Silva, animaram a
noite, num espectáculo apresentado por mim e a noite terminou já madrugada (o
que é raro por cá), com lágrimas de saudade, muitos autógrafos e pedidos de
Bis!
Não
percam a oportunidade de visualizar as fotos no site habitual (basta clicar em
cima):
Opinião
Portuguese in
Australia é o
nome de um site português, aqui muito popular, pois concentra artigos de
opinião, fotos, notícias várias do País e da comunidade lusa, comentários,
conselhos e reportagens.
Qualquer
um pode consultar o referido site visitando www.portuguese.org.au
A
convite da sua responsável, uma jovem jornalista aqui radicada (em Melbourne),
Cátia Nunes, aceitei escrever artigos mensais de Opinião (tipo Editorial). Em
Abril/Maio já saíu o 1º e agora já está em exibição o meu 2º texto
“Improvisação vs. Sistematização”.
Se
forem ao site (recomendo para constatarem a qualidade do mesmo e para se
certificarem das oportunidades de emprego para a Austrália), poderão procurar
no “banner” que refere as rubricas, a que diz Notícias e depois é só baixar com o cursor até encontrarem o meu
texto.
No
final, após o Discurso do 10 de Junho, junto à Crónica, não só o primeiro
Opinião (que já não está em exibição), como o 3º que só irá estar em
exibição durante o mês de Julho.
Senior
Card
Já
sei que apareceu em Portugal e felizmente com assinalável sucesso, um quinzenário
de nome Sénior, dirigido pelo jornalista Mário Zambujal.
Parece-me
ser uma formidável ideia e até sob o ponto de vista comercial deverá ter o
merecido êxito, uma vez que à partida, tem como garantia a publicidade feita
aos produtos-alvo da população cuja idade se situa entre os 40 e os 70 anos...
quiçá aqueles que são detentores do maior poder de compra!
Será?
Não
sendo uma ideia original – aqui na Austrália existe um periódico (mensário)
exactamente com o mesmo nome (...) – o Sénior, conta à cabeça com a prestigiada
presença do Mário, que constitui, já de si, uma garantia de qualidade.
Mário
Zambujal revela surpreendentemente uma especial estaleca, já que estando com 77
anos e com o nome mais do que feito, o que se esperaria dele seria uma reforma
bem gozada, chinelas calçadas, em frente à televisão, passeatas por Sintra,
queijadinhas e pastéis de nata...
O
autor da Crónica dos Bons Malandros, ex-redactor desportivo e co-produtor (com
Carlos Cruz) do célebre “Pão Com Manteiga” (na Rádio Comercial), inicia agora
uma “viagem redactorial” que eu próprio gostaria de ter tido oportunidade de
lançar – tê-lo-ia feito se, em vez de ter vindo para a Austrália, tivesse
permanecido em Portugal. Era esse o meu secreto intento!
Foi
melhor assim!
Curiosamente,
no mesmo dia em que soube da notícia do lançamento do Sénior, o estado
australiano concedeu-me utilização de um Cartão Sénior – Senior Card –
atribuído aos cidadãos com 60, ou mais anos de idade, e que dá alguns
privilégios e vantagens em descontos de compras em diversos estabelecimentos,
em passeios turísticos, nos transportes, etc.
Benfica
Todos
conhecem a minha especial simpatia futebolística e clubista pela Académica de
Coimbra, mas, claro está, vou estando atento ao futebol português e sobretudo,
devido à “loucura” que o meu filho Ricardo tem pelos Índios da Luz, estou
sempre sensível ao Benfica... ai Jesus!
O
Jesus sempre ficou... O que perde fica, o que ganha (o treinador do Porto)
sai... oh strange world!
Este
ano doeu um pouco mais, porque se esperava que o Benfica conquistasse três
títulos e afinal... zero!
O
Benfica, para desespero de simpatizantes e sócios, perdeu as três competições
em que estava envolvido, à semelhança do que há anos atrás sucedera com o rival
Sporting! Acontece! O clube da Luz está como eu – muito bom nos preliminares,
mas um desastre total nos “finalmente”!
Talvez
p’ró ano...
Nadine
Num
dos anteriores fins-de-semana fomos passear a Kembla (a sul de Sydney) e fomos
visitar uma amiga da Bianca, uma macedónia de nome Nadica, que adoptou (para
ser mais fácil de memorizar), o afrancesado nome de Nadine.
Devo
confessar que tudo quanto sei da Macedónia é que é um país participante do
Festival da Eurovisão, fazia parte da clique de regiões protegidas pela antiga
União Soviética e que integrava o território da ex-Jugoslávia (governado pelo
ditador Tito), algures nos Balcãs, entalada entre a Sérvia, o Kosovo e a
Bulgária.
Tem
uma bandeira absolutamente folclórica (tipo símbolo de uma marca de óleo
alimentar) e volta e meia anda tudo à estalada! Confesso que era tudo o que a
minha reduzida cultura de Leste me dava de conhecimento sobre a Macedónia.
Ora digam lá se não parece o símbolo de uma
qualquer marca de óleo para fritar batatas!!! (Fula?)
Hoje,
sei um pouco mais do país, depois de ter conhecido a simpática e laboriosa
Nadine, que sendo reformada, se entretem em casa fazendo aquilo a que no meu
tempo se designava por “Lavores Femininos” e que hoje eufemísticamente se
designa por diversas outras formas, para evitar o perigo do segregacionismo
anti-feminista...
Nas
fotografias exibo alguns trabalhos da Nadine. Espectaculares e a revelarem um
especial talento de quem faz com paixão e alegria... enquanto sentada a ver
televisão! (Destaque especial para um trabalho em “ponto-cruz” representando a
Opera House).
Também
em Kembla, eu e a Bianca demos um magnífico passeio pela praia e demos com umas
estranhas defesas construídas, segundo nos explicaram, para que já depois de
finda a IIª Guerra Mundial, a Austrália, (que fora duramente atacada pelos
Japoneses), se pudesse defender de uma suposta eminente invasão russa!
Fartei-me
de rir e claro está, fiquei a imaginar os desgraçados dos russos, que na guerra
perderam quase trinta milhões de combatentes contra as forças nazis, a quererem
vir para os antípodas combater mais meia-dúzia de anos para ficar com umas farripas
de umas terras que na ocasião se desconhecia ainda se tinham ou não riquezas minerais
que justificassem a usurpação de territórios por meio da força.
Enfim,
por vezes os boatos políticos tornam-se paradigmas em que se acredita piamente
e cai-se em exageros ridículos, como terá sido o caso. Organizaram-se defesas
com montagem de baterias anti navais e anti aéreas que terão enchido os bolsos
de quem tinha, à época, a responsabilidade de decidir a aquisição de material
de guerra.
Escusado
será dizer que os russos nunca vieram à Austrália!
Explicaram-me
depois, que os sucessores do general que decidiu a produção e a compra de todo
o material de guerra, são hoje pessoas que vivem uma vida milionária, em
enormes mansões em Sydney, accionistas de Bancos e Fábricas de material de
guerra, refinarias, etc.
Está
tudo explicado!!!
Afinal,
em todas as épocas, a humanidade confronta-se em todas as latitudes, com o
embaraço dos exageros, da ganância, da hipocrisia, enfim...
Todos
nós temos medo de qualquer coisa – do bicho papão, da polícia, do julgamento do
Juiz, da falência, do cancro, de ficar sem uma perna, da falta de saúde, do
tráfego das estradas, da morte, de Deus... e há os que têm medo de que um dia a
guerra acabe!
Vai
daí... há que ir alimentando o sistema!
Australia
Contacto
Numa
daquelas actividades do Clube Português do Frazer Park, conheci um realizador
de cinema, português, com 70 anos de idade e aqui residente há mais de
cinquenta anos. O seu nome é José Mariano e todos o conhecem por Zeca Mariano.
Trabalha nos Estúdios da FOX que realiza filmes “americanos” muito conhecidos,
como Avatar, Hobbit, Matrix e brevemente “As Vinte Mil Léguas Submarinas”.
Pois
é, o nosso Zeca Mariano é o responsável pelos efeitos especiais e pela
pós-produção de muita coisa desses filmes, que os americanos vêm fazer à
Austrália (senão 100%, pelo menos uma bela parte), tão somente porque lhes sai
mais barato filmar e pós-produzi-los aqui do que nos States!
O
Zeca teve já muitos prémios e recebeu já muitos galardões do estado australiano
que o reconhece como Pioneiro do Cinema Australiano.
Ficámos
amigos e o Zeca contou-me que há vários anos produz para a RTP Internacional
pequenos programas, reportagens e participações que passam, sem regularidade
especial, na nossa televisão.
Actualmente
o Zeca está a produzir semanalmente um pequeno programa com o título “Austrália Contacto”, com entrevistas e
apontamentos sobre a vida da comunidade portuguesa neste enorme país.
Convidou-me
a colaborar com ele em locuções off (só voz, sem imagem) e entretanto já me fez
testes de imagem e referiu-me estar muito interessado em me utilizar com imagem
em diversas rubricas e entrevistas futuras, pelo que em breve – espero –
poderão ter-me ao vivo e a cores, na RTP Internacional – poderão ver procurando
na Net em RTP Internacional e depois procurando em Australia Contacto.
No
fim-de-semana de 15 e 16 de Junho vai para o ar o primeiro número em que há uma
intervenção minha. Poderão ver e ouvir (horário de Lisboa), no Sábado, dia 15,
às 7h45m, ou no Domingo, dia 16, às 2h30m da madrugada – um horário
absolutamente simpático e apropriado não é? A RTP é mesmo uma simpatia e então tratando-se
da emigração, fazem tudo por prestar um excelente serviço público... Felizmente
que as peças ficam gravadas e poder-se-á sempre fazer uma consulta e
revisualizar sem ser em emissão, mas através da Net!
Neste
momento estou a trabalhar numa Sinopse de um possível Programa a produzir sobre
detalhes da Austrália, como país receptivo à emigração, uma série com o nome
genérico “Das terras do fim-do-mundo”, talvez com patrocínio da companhia aérea
Emirates. Se tal vier a concretizar-se, será então possível sonhar com a
possibilidade da RTP colocar o programa em antena na RTP 1... Era sensacional
não era? Sonhar é fácil... vamos ver... (e quem sabe num horário mais
conveniente!!!!)
De
facto, o desinteresse e a forma abandalhada como os portugueses que emigraram e
os seus familiares em Portugal são tratados pela entidade RTP/RDP, é
confrangedora, lamentável e deveria ser até alvo de queixa por parte do
contribuinte que paga, desconta e é servido com desinteresse, incompetência e
má vontade.
Este
e os outros governos, que supostamente deveriam exercer alguma disciplina, só
estão interessados no “tacho” e na conveniência político-partidária!
O discurso:
10 de Junho – Dia de Camões
As minhas primeiras palavras
são, naturalmente, de agradecimento pela V. presença, hoje e aqui, no Clube Português do Frazer Park, onde
viemos comemorar o Dia de Camões, o
mesmo é dizer, confraternizar e celebrar o Dia
da Pátria e das Comunidades Portuguesas !
É bem verdade que um dia,
quando os Romanos tentavam impor as suas legiões ao Povo Lusitano e se
defrontaram com Viriato, nas terras dos montes Hermínios, para os lados de
Lamego e Viseu, um chefe romano, já cansado de lutar em vão e de perder
constantemente as refregas contra a estratégia de guerrilha adoptada pelos
lusitanos, escreveu a César, em Roma, dizendo que na terra dos celtiberos, na
Lusitânia, tinha encontrado um povo sem governo, um povo desgovernado, um povo
que se não deixava governar...
Talvez ainda hoje seja
assim... dois mil anos depois!
Talvez nos esteja inscrito no
DNA este espírito de permanente rebeldia, de independência sem compromissos,
esta arte de viver o nosso dia-a-dia, sem a preocupação de prever e planificar,
privilegiando as soluções de momento, a aventura, o sonho de grandeza e o
espírito de sacrifício quase implícito em tudo o que fazemos!
Talvez esta missão esteja
reservada a povos de pequeno território mas... de alma grande, de vontade enorme, de espírito gigante e de inspiração
divina!
Talvez por isso sejamos um
povo de poetas e de tradições humanistas.
Talvez por isso falte cumprir
Portugal, como dizia Fernando Pessoa.
Talvez por isso vivamos os
sonhos do Quinto Império, de que talvez nos livremos, segundo rezam as
previsões de Bandarra, quando um Papa Francisco, Jesuíta, estiver no Vaticano
para permitir e promover a restauração da Ordem de Cristo, a fórmula encontrada
então para dissimular os Templários!
Mas Nossa Senhora é a Patrona
dos portugueses e o Papa Francisco já ocupa a cadeira no Vaticano.
Temos os melhores emigrantes
nos quatro cantos do mundo, uma língua que é das mais faladas no planeta, nos
cinco continentes, em oito países que a adoptaram como língua oficial, temos
uma unidade que nos permite erguer com orgulho a voz e dizermos a quem quer
que seja, que não precisamos de lições de cultura, nem de civismo, nem de
democracia, podemos com um sorriso divulgar que, por exemplo, a esta terra
chamada Austrália, fomos nós os primeiros ocidentais a chegar em 1520 nas naus
de Cristóvão de Mendonça. Foi o que escreveu e demonstrou o australiano - Peter
Trickett, após investigar, numa biblioteca de Los Angeles, um volume chamado
“Beyond Capricorn”, na sequência de estudos sobre a História destas terras do
sul – que é, o que aliás significa etimologicamente o termo AUSTRALIA.
Nesse tempo éramos poucos –
pouco mais de um milhão de habitantes – e arriscámos dar novos mundos ao mundo,
partir à aventura procurando melhor sustento, criando tecnologia e evangelizando África, América, o Oriente e a
Oceania!
Foi tarefa enorme e global
que, desde logo, suscitou a inveja e a cobiça de espanhóis, holandeses,
italianos e ingleses, mas que não impediu a gesta colonizadora por todas as
paragens que iam sendo abençoadas pela nossa bandeira.
Ficava gente e bagagens em
Cabo-Verde, no Brasil, na Guiné, em Angola, em Moçambique, na Índia, Malaca e
Ceilão, em Macau e em Timor e... já não havia gente para ficar nas Terras do
Sul!
Mesmo assim, chegámos às
costas da Austrália e do que é hoje a Nova Zelândia. E chegámos 250 anos antes
de James Cook que, como era hábito dos nossos “aliados” britânicos, entendeu
chamar para a coroa inglesa a posse destas terras onde estamos hoje!
Este espírito de luta e de
sacrifício, este empenho tão inspirador quanto aventureiro, acham-se gravados
no livro da História da Humanidade através da vida do Herói que hoje se
festeja: Luis Vaz de Camões!
Não se sabe ao certo nem
onde, nem quando nasceu (supõe-se que tenha nascido em Coimbra, por volta de
1525).
Não era nobre nem de famílias
abastadas, este nosso herói. Estudou no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra e
tinha jeito para as letras. A sua biografia é marcada por vazios e incertezas,
mas sabe-se que, ainda jovem, combateu em Marrocos, onde, em luta, perdeu o
olho direito. Em Lisboa era desordeiro e manifestava inclinação por se
apaixonar por mulheres casadas, o que o levou à prisão e, posteriormente, a
residência fixa em Punhete – hoje a bonita cidade de Constança!
Recusando uma liberdade
condicionada, inscreveu-se para ir viver na colónia portuguesa de Macau, onde
desempenhou funções de administrador. Depois, demandou a Índia, e em Goa, para
além de muitos amores, (isto de se ser português tem alguns desregramentos...),
arranjou dívidas que o levaram de novo à prisão.
Amigos vários ajudaram-no a
conseguir fundos para regressar a Portugal em 1572 (talvez com 47 anos de
idade).
Nessa altura, escrevera e
concluíra já o Poema Épico em
dez Cantos – Os Lusíadas – que traz na sua atribulada viagem de
regresso.
Em Moçambique sofre um
acidente marítimo, mas salva a sua obra genial, património de inestimável valor
cultural, expoente da nossa literatura, consagrado mundialmente.
Luis Vaz
de Camões
procurou, nos Lusíadas, construir um
hino à gesta lusitana, à alma portuguesa, cantando de forma grandiosa e sublime
os aspectos mais destacados da História de Portugal, em especial, a célebre
viagem de Vasco da Gama, em 1498, no descobrimento do caminho marítimo para a
Índia.
Ainda em vida, obteve licença
do jovem Rei de Portugal, Dom Sebastião, para a publicação da sua obra. Foi
também Dom Sebastião, seu admirador, quem lhe concedeu uma renda (uma tença)
anual de que Luis Vaz de Camões
viverá com enormes dificuldades até ao final da sua vida - julga-se que em
1580, com 55 anos, quase na miséria!
Luis de
Camões, não foi contudo só o poeta
dos Lusíadas. Escreveu sonetos,
poemas populares (letras de cantigas), discursos para políticos, peças de
teatro e, talvez, à boa maneira portuguesa, muitos bilhetes de amor... talvez
demais!
Mas, porventura, a maior obra
por ele legada foi o privilégio
e a honra de ser português, a benção de falarmos uma língua com mais de mil
anos de história!
Meus amigos.
Já vão longas estas minhas
palavras.
Ao terminar, não quero deixar
de reiterar os meus agradecimentos pela vossa presença nesta cerimónia, nesta
terra boa que nos respeita e admira.
Foi um privilégio partilhar
convosco este maravilhoso 10 de Junho,
em perfeita comunhão de paz e amor, tal como nos ensinou esse herói exemplar
que foi, é e será Luis Vaz de Camões!
BEM HAJAM
Luis Arriaga
Sydney, a 8 de Junho de
2013.
Os
artigos OPINIÃO
(1º)
Opinião
Assim
vai o mundo!
À
medida que o tempo passa vamos envelhecendo e a verdade é que mesmo que a gente
nem se dê conta, vai alargando os nossos horizontes e aprendendo um pouco aqui,
outro pouco além...
Aqueles
que já estão pela Austrália há mais tempo talvez se não apercebam do sossego
que é viver em paz e segurança, no país a que chamam o último reduto do Paraíso
na Terra!
Penso
sempre nisto de cada vez que acendo a televisão para escutar os noticiários e
me actualizar com o que se passa no mundo.
Ultimamente,
as notícias têm sido surpreendentes no que respeita às ameaças e violências,
quer provenham dos locais do costume (Iraque, Afeganistão, Paquistão, Síria,
Coreia do Norte), como também dos Estados Unidos, como foi o caso há dias com
as bombas terroristas na meta da Maratona de Boston, o que vitimou três pessoas
e mais de uma centena de feridos.
Já
imaginou o que é estar a assistir despreocupada e alegremente a uma manifestção
desportiva com a participação de atletas de mais de noventa países e de
repente, sem ameaças ou pré-avisos explodirem duas bombas, que de um segundo
para outro podem mudar completamente a vida de uma família?
Cada
vez mais, julgo que a espécie humana é estranhamente agressiva e afinal será
mesmo verdade que o Homem é de natureza intrínsecamente conflitual, procurando
naturalmente o conflito e a tensão.
Será
que a Paz é uma ilusão e afinal um mero intervalo entre guerras?
Uma
vez, um amigo chamou-me a atenção para isso e eu fiquei impressionado com o
facto da História de praticamente todos os países ser feita da história de
guerras, lutas, intrigas, desentendimentos, agressões, mortes e chacinas! Dê
por exemplo atenção à letra do nosso Hino: “contra os canhões marchar,
marchar...” Chiça!
Se
Deus existe e se é de facto omnipotente e omnipresente (como consta), porque
não intercede Ele de uma forma mais efectiva a favor da Paz?
Talvez
a designação deste novo Papa Jesuíta, o argentino Jorge Mário Bergogli, que se
auto-proclamou Francisco I – o Papa dos pobres – possa trazer aos homens de boa
vontade alguma luz e que alguma dessa luz chegue aos corações dos homens da
dinastia Kim da Coreia do Norte e aos corações dos homens da Alqaeda, para que
a Humanidade possa experimentar e dizer então de sua justiça sobre o que é
maravilhoso viver em Paz!
Nesse
sentido, julgo que nunca será demais relevar a sorte que temos todos em viver
num país próspero, seguro e rico, bonito, variado e com futuro para os nossos
filhos e netos!
Só
é pena estarmos tão longe de Portugal, mas as férias e as passagens aéreas cada
vez mais em conta, lá vão resolvendo o problema...
Fiquem
bem e façam o favor de ser felizes.
Luis Arriaga
(3º)
Opinião
Os
Portugueses foram os primeiros ocidentais a chegar à Austrália!
A
suspeita existia há muito e eu próprio já procurara nos Arquivos da Armada
Portuguesa provas ou indícios de que os Portugueses haviam sido os primeiros
ocidentais a chegar à Austrália.
De
facto, há dias chegou-me por mail, uma notícia proveniente da credível Agência
Reuters dando conta da comprovação feita nos Estados Unidos da América, pelo
professor australiano Peter Trickett, ao investigar numa biblioteca americana
de Los Angeles, dados sobre Canberra, e de ter encontrado, por mero acaso, as
provas há muito procuradas.
Com
efeito, os primeiros navegadores ocidentais a fazer o “achamento” (era essa a
expressão que antigamente se usava) da imensa costa australiana – primeiro a
norte e depois a leste, foram os marinheiros da frota de um tal Mendonça, ao
serviço da corôa portuguesa, tendo cerca de 1520 a 1522 chegado ao Botany Bay
(hoje a zona onde se situa o aeroporto de Sydney), isto é, cerca de 250 anos
antes do inglês James Cook, o almirante da versão oficial.
Os
factos baseiam-se em Portulanos (nome que era dado aos mapas e cartas de
marear) desenhados por copistas franceses (normalmente nos séculos XV e XVI os
copistas eram todos franceses, alemães ou italianos), e que continham desenhos
perfeitíssimos da costa leste da Austrália.
Nesse
tempo, o navegador português Cristóvão de Mendonça, sedeado em Malaca (a leste
de Ceilão, hoje Sri Lanka), procurava em segredo, com a sua frota de quatro
navios, encontrar a lendária Ilha do Ouro, descrita por Marco Polo como
situando-se a sul de Java.
Curiosamente,
estas terras longínquas do sul foram primeiro designadas como Terra Java.
Nos
referidos Portulanos constam também elementos que fazem crer que, na ocasião,
estes navegadores lusitanos tenham visitado a Kangaroo Island e no
regresso a Malaca, tenham decidido
voltar pela ilha norte da Nova Zelândia.
Estas
ideias são ainda reforçadas pela descoberta de utensílios e artefactos
portugueses de então, (século XVI), nas costas da Austrália e Nova Zelândia.
“Para
Além do Capricórnio” é o nome do livro de que se terá socorrido o Professor
Peter Trickett para fundamentar as suas recentíssimas investigações, que só vêm
afinal comprovar as suspeitas existentes sobre a autoria do achamento destas terras do sul – significado etimológico
da expressão Austrália.
Os
portugueses não terão divulgado na ocasião tal descobrimento para não
arranjarem conflitos com a corôa castelhana, devido aos acordos firmados no
âmbito do Tratado de Tordesilhas.
Também
a pujança colonizadora dos lusitanos era manifestamente parca, uma vez que as
caravelas, depois de largarem gente e bagagens em Cabo-Verde, Guiné, Angola,
Moçambique, Índia, Macau e Timor, já praticamente nada, nem ninguém sobrava
para colonizar a Terra Java!
Terá
sido um esforço notável, próprio de gente de uma dimensão extraordinária,
aquele que ainda hoje, quinhentos anos depois, nos envaidece e justifica, que
com orgulho pátrio divulguemos que os primeiros ocidentais a arribarem a estas
terras foram os nossos ascendentes!
Fiquem
bem e façam o favor de ser felizes.
Luis Arriaga
E
pronto... por hoje é tudo! Espero que gostem e por favor dêem notícias.
Abraços,
Beijos e Abreijos deste vosso dedicado amigo de sempre
Luis
Arriaga
Sydney, aos 8 de
Junho de 2013.
Em breve serão colocadas as fotografias correspondentes a esta
Crónica e, em princípio, dentro de dois dias as imagens ilustrarão a Crónica
para uma melhor compreensão daquilo de que se fala!
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